O objetivo deste artigo consiste em demonstrar a construção antagônica entre os discursos produzidos pelas candidaturas de PSDB e PT realizados durante o Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE) veiculados pela televisão na eleição presidencial de 1994, que acabou colocando o Plano Real como o ponto nodal desse conflito. A partir disso, percebemos que a dimensão do antagonismo identificada nesse espaço de conflito permite aos eleitores um maior acesso informativo sobre as candidaturas em disputa pela presidência da República, visto seu caráter desconstrutivista. Por isso, o retorno ao passado se justifica por dois principais motivos: a) esse momento pode ser lido como sendo o primeiro grande antagonismo entre os partidos PSDB e PT; e b) pouca ou nenhuma atenção foi dada pelos estudos que envolvem o HGPE à dimensão antagônica, o que pode iluminar mais um dos aspectos referentes à decisão do voto por parte do eleitor. Para isso, serão utilizados os aspectos teóricos e metodológicos da teoria do discurso de Laclau e Mouffe, enfatizando os conceitos de discurso e antagonismo, imprescindíveis para a captura dos sentidos discursivos que aqui são demonstrados. Concluímos, portanto, que a eleição de 1994 marcou o primeiro grande antagonismo entre PSDB e PT. Palavras-chave: HGPE; antagonismo; teoria do discurso; PSDB; PT IntroduçãoNo Brasil, após o período ditatorial, momento que pode ser considerado como o primeiro na elaboração de uma legítima agenda no campo de comunicação e política (Rubim e Azevedo, 1998), muitos estudos tratavam da relação entre mídia e política, bem como dos efeitos dessa relação nos programas partidários veiculados durante o Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (doravante HGPE). Os estudos pioneiros nessa nova fase podem ser divididos entre os que buscavam analisar a campanha presidencial de 1989 (Rubim, 1989;Fausto Neto, 1990;Lima, 1990) e os que tratavam do impeachment de Ampliando esse contexto inicial, diversos estudos sobre campanhas presidenciais, com o HGPE como parte do objeto de estudo, buscavam apresentar as estratégias discursivas dos candidatos
Conhecido por sua posição oposicionista ao governo FHC (PSDB), o PT e seus integrantes se colocaram contra a reforma da Previdência promovida pelo então governo do PSDB. No entanto, logo que se tornou governo, Lula (PT) não médio esforços para aprovar uma reforma nos mesmos moldes do governo antecessor. Neste sentido, o objetivo deste artigo é apresentar as propostas de reformas da Previdência dos governos FHC e Lula e identificar os argumentos dos deputados petistas proferidos durante as Seções do Grande Expediente da Câmara Federal no período que compreende a tramitação das reformas – entre 1995 e 1998 para a reforma do governo FHC, e em 2003 para a reforma do governo Lula –, com o intuído de verificar sua variação discursiva neste contexto entre as reformas, momento em que o partido inverte sua posição institucional. Para isso, serão utilizados os aspectos teóricos e metodológicos da teoria do discurso de Laclau e Mouffe, tais como discurso, articulação e antagonismo, imprescindíveis para captura dos sentidos atribuídos as reformas pelos parlamentares do PT. Então, com a chegada do PT ao comando do Executivo Federal, as reformas marcam, de forma elucidativa, a variação do discurso dos integrantes do partido e, por isso, do próprio partido, tendo em vista ser uma das primeiras políticas implementadas pelo partido assim que se tornou governo.
Na teoria democrática contemporânea tende-se a enfatizar a importância de valores e processos que canalizem a produção de consensos, tratando o conflito político como nocivo à democracia. Mesmo Chantal Mouffe, autora que denuncia esse movimento com seu modelo agonístico de democracia, reafirma a necessidade de consensos. Assim, o objetivo deste artigo é retomar a noção de antagonismo desenvolvido por Ernesto Laclau (e por Chantal Mouffe) e apresentar um renovado olhar sobre as possiblidades da política, vislumbrando o modelo democrático. Entendemos que está em jogo na política (e na política democrática), sempre permeado pela dimensão do antagonismo, e que visões que enfatizam a necessidade de consensos apenas mascaram processos desiguais e com primazia à aceitação de modos de exclusão. Portanto repensar o antagonismo e suas possibilidades, e entender que as instituições de regimes democráticos são marcadas por conflitos que possibilitam sua pluralidade e inclusão é mais frutífero para a política democrática.
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