Resumo Este artigo apresenta resultados de um estudo etnográfico acerca do universo simbólico que permeia a relação entre humanos e animais na Reserva Extrativista Mapuá, na ilha do Marajó, estado do Pará, Brasil. O objetivo foi descrever os saberes e as relações que se desenvolvem a partir das apreensões cosmológicas conferidas aos animais existentes na Unidade de Conservação. Observação participante e entrevistas semiestruturadas foram as principais ferramentas utilizadas. A pesquisa demonstrou uma cosmovisão tipicamente amazônica que figura indistintamente entre os domínios da natureza e da cultura, apontando para uma inexistência dessa dualidade ou uma outra compreensão para estas fronteiras. O estudo revela um rico patrimônio biocultural, que envolve a vida social, o mundo natural e a vida cosmológica, regidos pelas mesmas categorias.
Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Hum., Belém, v. 12, n. 3, p. 969-971, set.-dez. 2017 969 SMITH, Ricardo. Amazônia... a ira dos poderosos. Gurupi: Editora Veloso, 2016. 170 p. Em "Amazônia... A Ira dos Poderosos", de autoria do engenheiro Ricardo Smith, encontra-se uma produção literária repleta de problemas regionais que revela o protagonismo dos amazônidas, forjados ou legítimos, que desbravaram a selva e desenvolveram, ao longo das últimas décadas, uma rica e delicada inter-relação entre homem e natureza. Fruto da experiência pessoal do autor na região de Marabá, onde viveu grande parte de sua juventude, a obra registra com maestria as memórias sobre os graves conflitos sociais na região entre as décadas de 1960 e 1980. Numa narrativa que incorpora e compõe a obra, Ricardo nos traz a tessitura entre a violência, o poder, e as relações homem-natureza numa terra que abrigou sonhos e foi palco de inúmeras manifestações da vida.A obra é uma denúncia literária que demonstra os dramas de um Brasil desconhecido para muitos brasileiros, ambientada na floresta amazônica, especificamente no sudeste paraense, área que concentra historicamente Amazônia... A ira dos poderosos. Ricardo Smith, 2016Por Felipe Jacinto Universidade Federal do Pará (fojacinto@gmail.com) intensos e graves conflitos agrários. A par dos problemas sociais da atualidade, a narrativa se ocupa de questões políticas e sociais com competência, apresentando-se de maneira leve, fluida e desafiando o leitor ao gostinho de quero mais. Modalidade de relato pautado na realidade histórica, foge de classificações ortodoxas, trazendo um título provocador e o registro de fatos históricos no Sul-Sudeste do Pará a que o especialista em literatura amazônica, professor Dr. Paulo Jorge Martins Nunes, chamou de "narrativa-testemunhante" 1 . Mesclando momentos de pura descrição literária com críticas diretas a eventos sociopolíticos da realidade, o livro vai compondo um mosaico em que as narrativas se complementam para a consolidação de uma realidade mais próxima da atual, apresentando, com detalhes, eventos e fatos que sabemos de maneira muito pontual e desconexa.Logo de início temos o desbravamento da Amazônia e os conflitos inevitáveis com a mata, os bichos e os índios. Valorizando a fala nativa, enriquece sobremaneira a narrativa, captando a atenção do leitor de modo único.Numa rica descrição da relação dos homens com o meio ambiente, seja desbravando a floresta desconhecida em busca de oportunidades, seja lidando com seus perigos e mistérios ou na relação com os animais domesticados e selvagens, as distintas visões dos personagens acerca dos recursos naturais e da exploração feita pelo homem revelam a visão de mundo através de um lugar até então desconhecido para os leitores.Numa passagem, o autor, através da narrativa, dispara: "[...] acho que todo bicho que engole outro é porque tá com fome" (p. 17). Este trecho, para mim, descreve muito bem não só a relação homem-animal em questão, mas também a relação entre os empregados e patrões e a dominância qu...
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