O novo Coronavírus (SARS-CoV-2) ofereceu aos setores científico, político e econômico uma diversidade de desafios. Um deles é a difusão espacial da doença, que apresenta padrão urbano-rodoviário considerando sua concentração e dispersão no território. O presente artigo amplia essa análise incorporando atividades e serviços prioritários, como os frigoríficos, enquanto mais um fator de difusão espacial da doença, especialmente em sua fase de interiorização no Brasil. A avaliação foi desenvolvida a partir de relações entre frigoríficos e a ocorrência da COVID-19 na Região Sul, analisadas a partir do conceito de territórios da degradação do trabalho e da dinâmica processual da saúde-doença e seus múltiplos determinantes. Os dados relativos à localização dos vínculos e empreendimentos em frigoríficos e os casos confirmados da doença por município foram submetidos a mapeamento utilizando modelos convencionais da cartografia temática e técnicas de geoestatística. Os resultados sugerem áreas críticas e potencialmente críticas, considerando a similaridade e a difusão espacial da doença no âmbito local e regional. Aponta também para a preocupação com a disseminação da doença em virtude dos movimentos pendulares de trabalhadores e trabalhadoras e aponta os frigoríficos como potenciais centros de difusão da COVID-19 nos estados da Região Sul. Em síntese, a relação capital-trabalho e o processo saúde-doença se apresentam como uma das faces das relações sociais de produção e relações assimétricas de poder na sociedade capitalista que colocam os agravos à saúde do/a trabalhador/a como tendência objetiva e não acidental, fortuita ou natural.
A expansão industrial que vem ocorrendo no Oeste Paranaense é alvo de nossas preocupações quando procuramos desvendar a dinâmica territorial do capital. Neste artigo, apresentamos resultados da pesquisa que realizamos na monografia, onde estudamos processos trabalhistas e as condições de trabalho no frigorífico de aves da Copagril de Marechal Cândido Rondon-PR e procuraremos trabalhar sob o viés da Geografia do Trabalho, a precarização do trabalho no Oeste Paranaense, as condições de trabalho no frigorífico de aves da Copagril e de maneira mais central o desrespeito sistemático à legislação trabalhista como parte da estratégia empresarial local que possibilita a reprodução do capital na região e ainda como os processos trabalhistas podem demonstrar, mesmo que de maneira tímida, a dialética do trabalho e se tornam, mesmo por dentro da institucionalidade jurídica, elementos de resistência dos trabalhadores.
O processo de tecnificação no campo brasileiro data principalmente da década de 1970 e suscitou o debate da questão agrária no Brasil. A avicultura sofreu significativas transformações técnicas e foi caracterizada como um dentre os exemplos dos “complexos agroindustriais completos”. Desse modo, entendeu-se que as relações camponesas da “economia natural” seriam varridas dando lugar às relações de trabalho assalariadas típicas da “modernização”. Contudo, ao verificar as relações de produção e trabalho no território, temos percebido que os sujeitos sociais na avicultura não são homogêneos e tampouco foram abolidas as práticas baseadas no modo de vida camponês. Além disso, os resultados da pesquisa apontam para a problematização do conceito de “pequeno(a) produtor(a)” na avicultura. O artigo se propõe a discutir, a partir do referencial teórico de que a reprodução ampliada do capital se dá de forma desigual e contraditória, e embasado metodologicamente em trabalhos de campo e entrevistas com os sujeitos sociais no Oeste do Paraná.
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