Este ensaio assume uma opção decolonial para debater a formação de professoras e professores que ensinam matemática. Articulando onze estudos aceitos no GT19 – Educação Matemática, da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação (ANPEd), na ocasião de sua da 39ª Reunião Nacional, foi possível discutir traços e efeitos de colonialidade que se manifestam na formação de professoras e professores que ensinam matemática, apontando relações de poder, regulações e movimentos de resistência envolvidos nos espaços e tempos que compõem diferentes processos formativos. Para apresentar essa discussão, propomos três eixos que, em nossa interpretação pautada na decolonialidade, atravessam essas relações, possibilitando a construção de caminhos de resistência: coletivos docentes como espaços de resistência; metodologias em diálogos com saberes; e matemática como desobediência político-epistêmica. Esperamos que este ensaio nos desafie a assumir posições ativas, evidenciando papéis que a escola e a universidade têm exercido como instrumentos de um projeto de poder hegemônico de padrões coloniais; mas que também contribua para a construção de posicionamentos, posturas e horizontes de resistência, de transgressão, de intervenção e de insurgência no contexto da formação de professoras e professores que ensinam matemática.
Resumo Este trabalho busca problematizar a formação de professores de Matemática em Licenciaturas em Educação do Campo. Para isso, discutimos questões epistemológicas e curriculares que se situam no deslocamento de uma formação disciplinar, aquela que toma a Matemática como a reunião de um conjunto de saberes historicamente construídos e consolidados pela comunidade científico-acadêmica dos matemáticos, para uma formação por áreas de conhecimento, proposta e desafio colocado às Licenciaturas em Educação do Campo. Junto a narrativas produzidas por alunos da habilitação em Matemática do curso de Licenciatura em Educação do Campo, da UFMG, a partir de um projeto de ensino que envolvia a escrita de cartas, apresentamos considerações sobre como as dimensões da formação por áreas do conhecimento, bem como as dinâmicas de um curso em alternância, desdobram-se em aspectos formativos que, para além de uma abordagem disciplinar, envolvem modos de estar, de conhecer e de ser que rompem com epistemologias e currículos tradicionalmente estabelecidos nos cursos de formação de professores de Matemática.
Este texto busca apresentar uma sistematização das pesquisas que centram seu interesse na produção de histórias – ou, que ocasionalmente tratam de aspectos de historicidade – da posição científico-acadêmica da Educação Matemática no Brasil. Junto a um conjunto de investigações, foi possível estabelecer cinco categorias: a) Investigações que discutem a constituição e consolidação da Educação Matemática como campo profissional e científico; b) Investigações sobre a construção de sociedades organizadas, de atuação político-institucional; c) Investigações que estudam a formação de grupos de estudo, pesquisa e trabalho em Educação Matemática; d) Investigações que analisam a inserção da Educação Matemática em programas de pós-graduação no país; e e) Investigações que, ao discutirem dimensões da pesquisa em Educação Matemática, tocam em questões da historicidade dessa área de pesquisa. Ao elaborar tal sistematização pretendemos mostrar como a Educação Matemática tem se ocupado com essa discussão, de modo a permitir que perspectivas de investigação sejam evidenciadas e outras questões de cunho historiográfico sejam colocadas.
Resumo: Este texto discute aspectos da relação entre a Matemática e a Modernidade ocidental na conformação da matriz colonial do poder. Ao considerar a Matemática junto à ideia de raça em seus traços históricos e educacionais, traço linhas que mostram como a Matemática coloca em exercício diferentes dimensões da colonialidade, desvelando seus efeitos na desumanização de sujeitos e coletividades. Reivindico junto à Educação Matemática a construção de uma agenda política que assuma e enfrente os modos como a Matemática põe a colonialidade em exercício, alinhando-a a lutas que desafiam o padrão de poder mundial.
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