Analisamos o discurso organizacional construído pela Samarco em seu vídeo institucional “É sempre bom olhar para todos os lados ”“ Samarco histórias”, veiculado após o rompimento da barragem, em Mariana, 2015. Em um viés interdisciplinar, utilizamos conceitos da Análise do Discurso, a fim de verificar possíveis efeitos de sentido gerados a partir da construção argumentativa do vídeo, e os articulamos a noções da administração, como “crime corporativo” e “imagem organizacional”. Constatamos que a Samarco faz uso de valores e crenças partilhadas pelos brasileiros em geral para construir imagens discursivas de si positivas, mobilizando, ao mesmo tempo, emoções positivas, como a esperança.
Neste artigo, procuramos investigar o processo de construção e mediação editorial de uma série documental produzida pelo jornal Estado de Minas, denominada Vozes de Mariana, que trata sobre os atingidos pelo rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco, em Mariana, Minas Gerais, em 5 de novembro de 2015. Em uma perspectiva discursiva, analisamos a edição de três entrevistas presentes na série com base nos registros brutos dos vídeos e nos editados. Para tanto, o quadro teórico metodológico foi constituído a partir das proposições do linguista francês Charaudeau sobre imaginários sociodiscursivos e patemização. Concluímos que, apesar de a produção audiovisual passar por vários processos e etapas, é na edição que é possível definir o enquadramento e deixar transparecer os efeitos de sentido imaginados e propostos. Dessa forma, temos uma versão produzida pelo veículo de comunicação, e, por isso, as filtragens realizadas para a construção do produto final chamamos de portagem sociodiscursiva.
Este estudo tem o objetivo de fazer uma análise das estratégias discursivas utilizadas pelos atingidos no rompimento da barragem pertencente à empresa Samarco, registradas em quatro edições do jornal “A Sirene: para não esquecer”. As edições são constituídas em um espaço midiático contra-hegemônico criado para dar voz aos atingidos e registrar suas narrativas. Para tanto, o corpus foi analisado à luz da teoria do contrato comunicacional de Charaudeau e da heterogeneidade mostrada do discurso de Authier-Revuz. As principais conclusões apontam que os jornais materializam esses discursos por meio de depoimentos que abordam as experiências vivenciadas e exploram suas perdas, dramas pessoais, lutos, memórias e expectativas. Cria-se, com o jornal, um espaço legitimador de autonomia e empoderamento.
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