A recuperação de macrovestígios vegetais para análises arqueobotânicas tem demandado a adaptação da metodologia empregada aos diferentes tipos de ambientes encontrados nos sítios arqueológicos ao redor do mundo. Na Amazônia, sedimentos argilosos com elevado potencial de agregação das partículas frequentemente dificultam a recuperação dos remanescentes orgânicos e inorgânicos. Esta nota apresenta a metodologia empregada no tratamento de amostras de sedimento provenientes de sítios arqueológicos localizados na Amazônia central, destacando o uso de defloculantes, associados à técnica de flotação. A minimização do viés amostral na recuperação de macrovestígios vegetais permitirá melhores resultados de análises arqueobotânicas.
O crescente número de pesquisas em arqueobotânica e zooarqueologia tem evidenciado a importância dessas subdisciplinas no contexto das pesquisas sobre a ocupação humana no Brasil, principalmente para o estudo de como as populações utilizaram, manejaram e domesticaram plantas e animais ao longo do tempo. Por outro lado, essa realidade não é acompanhada por publicações sobre a conservação desses vestígios, que requer cuidados específicos em razão de sua natureza orgânica e da ação dos diferentes processos de degradação. Assim, este artigo tem por objetivo apresentar práticas empregadas na conservação de macrovestígios botânicos e faunísticos, incluindo desde sua recuperação em campo até o seu acondicionamento final, que possam ser aplicadas em diferentes contextos arqueológicos.
Resumo: O estudo sobre a ocupação humana na Amazônia Central privilegiou, até recentemente, a análise de vestígios arqueológicos mais facilmente preservados no contexto amazônico. Nos últimos anos este cenário recebeu a contribuição de pesquisas com macro e microvestígios vegetais. Neste contexto insere-se a análise dos remanescentes macrobotânicos carbonizados dos sítios Osvaldo, Lago Grande e Açutuba, que evidenciou a presença de recursos alimentícios tais como fragmentos de coquinhos (Arecaceae), tubérculos, sementes e Zea mays, além de fragmentos de madeira (lenho) carbonizados. A distribuição destes elementos botânicos entre as camadas arqueológicas indica que diferentes atividades culturais foram responsáveis pela constituição dos remanescentes vegetais carbonizados e que algumas destas prevaleceram em relação a outras em momentos distintos da ocupação dos sítios. Abstract: Until recently the study of human occupation in the Central Amazonia focused on the analysis of archaeological remains with better preservation in this tropical context. The scenario has changed in recent years with contributions from research on micro and macrobotanical remains. We add to this with the analysis of charred macrobotanical remains from the archaeological sites of Osvaldo, Lago Grande, and Açutuba, Amazonas State. In these sites, food resources such as palm nut fragments, tubers, seeds, and maize were retrieved, in addition to wood. The distribution of these botanical elements in the archeological layers suggests that different cultural activities were responsible for the composition of the record. Moreover, they suggest that at different times during the occupation of these sites the use of some types of the charred plant remains prevailed over others.
Quando pensamos em cenas cotidianas, como o preparo de alimentos, a construção de habitações, a caça e a pesca, o preparo de contextos funerários, há uma grande quantidade de materiais que não se preservam no registro arqueológico. Alguns exemplos são: palhas, têxteis, gorduras, banhas, couros, insetos, resinas, entre outros. Esses elementos estão na “cena”, mas são esquecidos, uma vez que não são encontrados. Pesquisas que buscam pensar na reconstituição dos espaços, dos materiais, dos gestos no presente, têm nos ajudado a pensar, de uma maneira holística, sobre as tecnologias, seus materiais e vestígios. Partindo de um olhar atento para os gestos utilizados na atualidade e para tecnologias conhecidas etnograficamente em ornamentos, tratamento de carnes, gestos culinários, artefatos em osso, entre outros, procuramos explorar o potencial para estudos de tecnologias perecíveis buscando relações com vestígios encontrados em contextos arqueológicos brasileiros. Sabendo que as tecnologias perecíveis foram utilizadas no passado, nós, enquanto arqueóloga/e/os, devemos refletir sobre métodos de coleta, análise e interpretação dos vestígios que permitiriam uma visão mais holística e cultural das interações entre plantas, animais e humanos no passado.
Amostras de sedimento coletadas em escavações realizadas em três sítios arqueológicos localizados na região da Amazônia Central foram processadas a partir da técnica de flotação, descrita na literatura e adaptada conforme a necessidade apresentada. Os resultados preliminares demonstraram a eficiência do método para a recuperação de macro-restos vegetais e suas potencialidades para os estudos paleoetnobotânios
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