No abstract

Este estudo se propõe investigar e compreender melhor como se deu a introdução do trabalho escravo e da sua consequente exploração de mentalidade colonialista na Amazônia, bem como a inter-relação entre os processos político, religioso e econômico, já a partir do fim da União Ibérica (1580-1640), no contexto dos principais ciclos econômicos, como, por exemplo, o da extração das drogas do sertão, passando pelo ouro na região guaporeana (hoje pertencente a Rondônia) e, posteriormente, pela voracidade do capital industrial nos dois ciclos da borracha, final do século 19 e início do século 20, e, finalmente, durante os anos decisivos da Segunda Guerra Mundial (1942-1945).

O presente artigo, cujo método utilizado é de natureza essencialmente bibliográfica, objetiva-se a investigar as possíveis razões que deixaram o romance realista de expressão amazônica Terra encharcada, publicado pela Sá Cavalcante Editores em Belém (PA), em 1958, escrito pelo militar e político Jarbas Gonçalves Passarinho, ignorado, rejeitado ou esquecido pela crítica literária nacional, sobretudo, amazônica, pois nota-se recair sobre a obra em foco uma espécie de estigma que se projeta da personalidade histórica de seu criador devido, provavelmente, aos seus atos políticos desabonadores ligados à censura e à repressão política durante a vigência do Regime Militar (1964-1985) no Brasil.