RESUMO Em 2014, a tribo dos historiadores perdeu um de seus líderes, Jacques Le Goff. Autor inspirador e controverso, o medievalista francês influenciou não apenas os estudos sobre a Idade Média, mas também sobre a disciplina histórica de maneira geral durante a segunda metade do século XX. Seu legado é, sem dúvida, importante; contudo, as reflexões do último Le Goff apresentam algumas especificidades que merecem maior atenção por parte de seus pares. Assim, o presente artigo, após apresentar um sobrevoo a respeito de seus percursos profissional e historiográfico, se dedicou a traçar os principais aspectos da recepção de sua obra produzida em sua última década de vida. Ao final de nosso percurso, os trabalhos do medievalista terão nos conduzido a um de seus últimos legados: suas contribuições para a velha discussão entre especialistas e difusores do conhecimento histórico.
O presente dossiê congrega trabalhos que se somam ao esforço de renovar o olhar sobre o que significa, historicamente, agir e pensar em nome da Igreja. Definidos por diferentes recortes temporais, espaciais e teórico-metodológicos, os artigos aqui reunidos tentam esmiuçar a pluralidade de formas pelas quais os membros da(s) Igreja(s) cristã(s) e grupos com os quais os mesmos se relacionavam buscaram, ao longo dos séculos, construir a existência material desta comunidade de fé. Os trabalhos aqui apresentados contribuem, de forma plural, para um fazer historiográfico que realce os processos de criação e recriação do tecido móvel e moldável que a Igreja foi e ainda é.
Les liens féodaux sont considérés comme la base de la structure sociale médiévale ; un rôle majeur a récemment été accordé à l’Église et à la religion chrétienne. D’un modèle historiographique à l’autre, plusieurs changements ont été observés. Cependant, l’intention a toujours été la même : celle de comprendre le fonctionnement de la société médiévale et ses éléments les plus profonds ; on a essayé de saisir quelles étaient les forces responsables de la cohésion de la société envisagée. En pa..
The vocabulary of solitude and the reform of the Grandimontines. For some decades, historians of the Gregorian Reforms have changed their focus of thinking, becoming less interested in the conflict between the Empire and the papacy than in disputes between the ecclesiastical hierarchy and lay powers, or even between the Religious themselves. It is a matter for the period in question of organizing relationships between members of the Christian body. In this context, autonomy, and the distinction and the separation of clergy from the secular world, play an important role. All these ideas refer to a fundamental question, that of how to reconcile within the Church the forces driving religious reformers such as hermits. There are many different answers, and they witness to the many contradictions within the thinking of reformers. The intention of this paper is to approach this question by studying the hermit monks of Grandmont, more precisely starting with three important documents from the origins of the Grandimontines, namely the Thoughts, the Life of the founder, and the Rule for the Religious. The various types of sources selected for this analysis are chosen to cover the first period of the establishment of the Order. Founded by Stephen of Thiers around 1078 at Muret, and transferred to Grandmont after the death of the master in 1124, the congregation quickly becomes one of the beacons of reform in the Limousin. In fact, Grandimontines tried to distance themselves from secular matters through strong regulation of economic activities, such as land ownership and animal husbandry. However, their independence was not absolute. The proximity of counts and kings, particularly of Henry II Plantagenet, is the basis of the development of the order from the middle of the XIIth century under the control of Stephen of Liciac, who was prior between 1139 and 1163. A consideration which seeks to understand the purpose of the Grandimontines in withdrawing from the world could shed some light on the dynamic nature of solitude and community. Such kinesis is important in the monastic contribution to the Reform, discussion of which will require the help of a semantic approach. To address vocabulary which expresses key concepts of monastic practice from the end of the XIth century and the beginning of the 12th century - solitudo, contemplatio, heremus, quies, desertum, etc. - could present new perspectives for research.
O que seria dos monges sem o isolamento? Se as formas de vida monásticas são diversas ao longo do tempo, a presença de um ideal penitencial de separação, de abandono e mesmo de desprezo do mundo é marca constante entre os monges do mundo latino medieval. Essa pluralidade de modalidades de isolamento levou parte da historiografia a compreender a solidão monástica exclusivamente como um desejo religioso de relação direta e solitária do monge com Deus. Ainda que apareça na documentação, essa vontade representa apenas o aspecto mais superficial da definição medieval de solidão. O presente artigo visa demonstrar que esta visão historiográfica parcial é tributária da revalorização medieval de alguns lugares comuns da retórica clássica e bíblica. Constatação não sem importância, uma vez que ela nos abre um novo horizonte analítico ainda não explorado pelos estudos monásticos: a função social da solidão medieval. Metodologicamente, o artigo propõe o exame das relações lexicais dinâmicas presentes no campo semântico da solidão medieval. Ao final de nosso percurso teremos demonstrado que o deserto latino é, antes de tudo, o resultado da transferência da noção oriental para o ocidente. Uma transferência que coloca a solidão sob o controle de especialistas do isolamento cristão, tais como eremitas e monges. Esses reivindicam para si o monopólio da ocupação de um espaço de solidão: o <em>eremus</em>. Por fim, o presente artigo defende que a noção latinizada de solidão, bem como a polissemia do <em>desertum</em> bíblico, implica uma concepção “territorializada” do espaço na medida em que os agentes sociais em questão pretendem exercer sua influência de forma exclusiva sobre este espaço.
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