Resumo: Este artigo pretende expor uma análise de alguns textos e conferências do escritor e etnólogo francês Michel Leiris (1901Leiris ( -1990. Tais textos versavam sobre etnografia e literatura e foram escritos, ou pronunciados, em diferentes datas nos anos posteriores à sua volta da missão Dakar-Djibouti (primeira grande missão etnográfica francesa em territórios coloniais africanos, da qual Leiris participou como secretário-arquivista) e à sua profissionalização como etnógrafo, abarcando, portanto, as décadas de 1930 à 1960. Por meio dos argumentos neles contidos é possível demonstrar como Leiris concebeu, ao longo deste tempo, as formas possíveis de produção de conhecimento sobre si mesmo e sobre o outro, os modos possíveis (e a importância) de se aprender com o outro "não ocidental" e, enfim, as possibilidades de transmissão desses saberes. Tendo vivido quase todo o século XX, Leiris esteve envolvido em importantes debates no âmbito das artes e das humanidades europeias. Sua obra dialogou com aquelas de intelectuais que exerceram contundentes críticas à modernidade, opondo-se à ideia de homo economicus e ao suposto excesso de racionalismo e de tecnicismo ocidentais. Apropriando-se de preceptivas da mística e do neoplatonismo dos séculos XV e XVI, ele desenvolveu uma concepção de etnografia que priorizava o contato e a identificação, buscando o que havia de comum entre todos os homens -ainda que com respeito às diferenças culturais..
RESUMO: Entre os anos de 1929 e de 1930 o escritor e etnólogo francês Michel Leiris ) colaborou para revista de etnografia Documents. Nas páginas do periódico foram veiculados alguns dos principais debates das artes e da etnologia francesa no período. Tratava-se de um momento conturbado no continente europeu e de muitos questionamentos no que dizia respeito às concepções oitocentistas de "civilização". Pode-se dizer que a revista funcionou como um "laboratório" no qual o escritor Georges Bataille (diretor do periódico) e Michel Leiris puderam propor e testar novas formas de se pensar a sociedade ocidental e suas relações com outras sociedades. As contribuições deste para a revista foram profundamente marcadas por suas leituras acerca do gnosticismo, do neoplatonismo e do hermetismo -que ele mesmo costumava denominar apenas como "ocultismo" ou "misticismo". Este artigo visa, portanto, empreender uma leitura pormenorizada de artigos escritos por Leiris em Documents, procurando investigar de que modos os debates ali travados contribuíram para suas reflexões posteriores no âmbito da disciplina etnográfica e no da chamada "escrita de si". PALAVRAS-CHAVE: etnografia, literatura, místicaABSTRACT: In between the years of 1929 and 1930, the French writer and ethnologist Michel Leiris ) wrote for the ethnography magazine "Documents". At that time, the magazine published some of the main debates on French arts and ethnography. It was a contrived time for Europe, posing many questions about the concept of "civilization" inherited from the eighteenth century thinkers. One might say that the magazine was some kind of "laboratory" where the writer Georges Bataille ("Documents" magazine editor) and Michel Leiris were able to propose and test new frameworks on how to think the western society and its relationship with other societies. Leiris articles were deeply shaped by his study of Gnosticism, Neo-Platonism and Hermeticism -but he would only categorize his thinking as "occultism" or "mysticism". This paper intends to engage on a detailed reading of Michel Leiris texts published on Documents magazine, trying to figure out how its intellectual debates were influential on his reflections on ethnology and the so-called "writing of the self".
Este artigo apresenta uma leitura, em conjunto, de alguns textos dos escritores e etnógrafos Michel Leiris (França 1901-1990) e Édouard Glissant (Martinica, 1928-2011) a partir dos anos 1950. Nesse período Leiris fez estudos nas Antilhas, a pedido da UNESCO, e Glissant tornou-se seu aluno de etnografia na França. A partir de uma leitura inicial dos questionamentos de Leiris nessa década e, em seguida, dos escritos de Glissant, buscou-se demonstrar a intertextualidade entre as obras de ambos, resultante, sobretudo, das apropriações que Glissant estabeleceu dos textos de seu professor. Mais especificamente, foi demonstrado de que modo os conceitos de créolisation e de Relation, em Glissant, fundam-se em diálogo com as ideias de contato e de comunicação em Leiris. Além disso, objetivou-se compreender, nas reflexões de ambos, os usos da noção de carrefour para representar as sociedades antilhanas, considerando-se os impactos teóricos e ético-políticos dessa formulação em suas obras.
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