Geilson Fernandes de Oliveira A sociedade do desempenho e suas urgências Cada época tem suas enfermidades fundamentais (p. 7). É com o enunciado acima destacado que o fi lósofo Byung-Chul Han (1959-) abre as discussões da obra Sociedade do cansaço, uma de suas principais produções traduzidas para o português, que vem tendo ampla recepção nos círculos acadêmicos das áreas de ciências sociais e humanas no Brasil. De origem sul-coreana, mas fi xado na Alemanha a partir da década de 1980, quando Han estudou Filosofi a na Universidade de Friburgo e Literatura Alemã e Teologia na Universidade de Munique, o fi lósofo que hoje atua como docente na Universidade de Berlim é autor de uma dezena de ensaios sobre a sociedade e o ser humano.1 Especifi camente em a Sociedade do cansaço, o pensador promove discussões sobre as transições e reconfi gurações socioculturais e suas implicações para a constituição dos sujeitos contemporâneos, dialogando com autores hoje considerados clássicos, tais como Hannah Arendt, Michel Foucault, Friedrich Nietzsche e outros. Como aclamado pelo enunciado destacado na epígrafe, a visão do autor é de que a sociedade que vem se construindo desde o início do século XXI é bem distinta daquelas que lhe são precedentes. Segundo Han, o século passado foi imunológico, aspecto que ultrapassou a biologia e adentrou todo o social como uma forma de defesa e afastamento de tudo que poderia ser visto como "estranho". No campo biológico, os riscos de uma época viral foram suprimidos pelo aprimoramento das técnicas imunológicas, principalmente a partir da descoberta dos antibióticos, o que reduziu o medo de pandemias em todo o mundo. Já no que concerne ao social, a imunologia perde espaço quando se observa que o outro, tal como o imigrante ou estrangeiro, já não é mais uma ameaça em si, mas um peso a ser superado. Se o século XXI já não é mais imunológico, haja vista essas questões, Han o aponta como sendo predominantemente neuronal, quando patologias de outras ordens-especialmente psíquicas-emergem e ganham espaço, tais
A literatura de autoajuda é um fenômeno que tem como uma das suas principais características o agenciamento de modos de ser e estar. Em seus enunciados, identificam-se regras, propostas de ações que uma vez acatadas, poderão, segundo estes manuais, indicar aos sujeitos o caminho da felicidade. Partindo dos pressupostos teóricos e metodológicos da Análise do Discurso de orientação francesa, são analisados os sentidos produzidos pelo discurso da felicidade na literatura de autoajuda, tomando como recorte empírico de investigação a obra Doze semanas para mudar uma vida (2007), de Augusto Cury. Através de um processo de descrição e interpretação dos enunciados, identificam-se relações de saber e poder (FOUCAULT, 2013), constituídas por discursos pedagógicos, nos quais os autores buscam mostrar-se como detentores de um saber não possuído pelos outros. Tais enunciados instituem regras, como o controle do tempo e o estabelecimento imperativo de modos de ser e estar por meio de ordens do discurso que patologizam os menos felizes.
O contexto do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff aponta um período de reconfigurações nas sociabilidades brasileiras que perpassa toda a constituição da vida social, frente a um cenário marcado por crises políticas e econômicas. Considerando esse panorama, observa-se as conversações estabelecidas no post mais comentado da Revista Veja no Facebook no dia do julgamento do processo de impeachment de Dilma Rousseff, destacando a abordagem etnometodológica sobre a análise da conversa. Os resultados indicam a forte presença das emoções na tessitura e produção de sentidos das conversações, as quais apontam incongruências com significados anteriormente representativos da sociedade brasileira como sendo alegre, cordial e acolhedora. No curso dos acontecimentos em questão, emergem e transitam discordâncias, conflitos e ondas de raiva mobilizadas pelos atores envolvidos, constituindo sensos e horizontes de moralidade e justiça.
Considerando o cenário de crises no Brasil contemporâneo, analisam-se as conversações estabelecidas através dos comentários produzidos em postagem da Veja – um dos periódicos do segmento jornalismo de revista com maior circulação nacional – em sua página no Facebook, a saber, os comentários referentes ao post intitulado “URGENTE: Dilma sofre impeachment e PT sai do governo após 13 anos”, publicado em 31 de agosto de 2016. Para tanto, são utilizados os pressupostos da Etnometodologia e sua abordagem sobre a Análise da Conversa. As reflexões empreendidas demonstram a irrupção de emoções e sentimentos em conflito, haja vista a produção de dissensos que se instauram a partir das conversações, evocando o sentido de disputa acerca do processo de impeachment, de modo que a raiva é evidenciada como a emoção mais recorrente.
A revista Diálogo das Letras traz, neste volume 7, n. 1 (2018), uma entrevista com a pesquisadora e professora Maria do Rosário Gregolin, livre-docente em Análise do Discurso pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus Araraquara. Entre suas muitas publicações destacam-se os livros Foucault e Pêcheux na Análise do Discurso – diálogos e duelos (Claraluz, 2004), Discurso e mídia – a cultura do espetáculo (Claraluz, 2003), entre outros.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
customersupport@researchsolutions.com
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.