A análise arqueobotânica focada em grânulos de amido extraídosde vasos cerâmicos e um artefato lítico exumados em Vereda III, MG revelou apresença generalizada do milho (Zea mays sp). Um estudo prévio realizado comos artefatos havia detectado marcas de uso típicas da fermentação em algunsvasos, assim, levantou-se a possibilidade de que mais vasos teriam sido utilizados na produção de cauim de milho. Tratou-se de compreender a produção dessa bebida/alimento nas suas múltiplas possibilidades através de relatos históricos, etnografias, informações tecnológicas e testes com fermentação. Os efeitos tafonômicos das distintas etapas do processo sobre os grânulos de amido de milho foram pesquisados em literatura e através de testes. Faz-se aqui uma proposição quanto à morfologia dos vasos Jê utilizados na elaboração do cauim de milho, pensada a partir do cruzamento de 2 tipos de evidências: o estudo dos microvestígios contidos nos artefatos arqueológicos e as marcas de uso nos vasos.
Situado em meio a um maciço calcário, em um local escondido na paisagem, ladeado de paredões rochosos e abrigos, o Sítio Vereda III (Região de Lagoa Santa/Minas Gerais) é fruto de uma pretérita ocupação, até então, inusitada para os dados bibliográficos disponíveis sobre grupos cuja cerâmica é atribuída à tradição Aratu-Sapucaí. O sítio apresentou um contexto arqueológico praticamente intacto, aqui interpretado como um refugo de fato de produção econsumo de objetos e alimentos que, com grandes chances, estavam relacionados a um ou mais festins. Considerando que a tradição ceramista em questão é, na Arqueologia Brasileira, atribuída a grupos indígenas falantes do tronco linguístico Macro-Jê, este trabalho, sucintamente, apresenta uma forma de ocupação distinta daquelas a céu aberto, compreendendo-as como complementares entre si.
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