O narrador benjaminiano é a presença condenada ao esvaziamento que faz parte de uma tradição já problematizada; é o eco que, ao longo dos tempos, instilou valores e regulou conceitos de vida. O contemporâneo apresenta-o em constante exílio, corrompida sua sabedoria: viver é banal e morrer já não produz nem faz sentido. Nesse contexto, literatura e cinema transformam a oposição de vida e de morte em um dístico opaco e relativizado: viver é o agora e a morte torna-se um signo plano, um simulacro. O presente trabalho objetiva refletir acerca da questão da representação da morte pela perspectiva do narrador em O Labirinto do Fauno (2006), voz onisciente que apresenta Ofélia, imersa em um universo de opressão e sombra, personagem que tem sua perene existência (re)simbolizada no momento em que viver não significa nada e morrer resgata valores, transformando-se em imortalidade no sentido preconizado por Alain Badiou, de fidelidade ao Acontecimento (événement).
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