O foco do texto é entender os usos sociais da ficção televisiva por mulheres das frações baixa e média baixa das classes populares, em particular, a construção de uma feminilidade de classe, a qual é capturada pelas visões de mundo que as informantes manifestam. Tais representações se compõem de enunciados sobre as práticas cotidianas de gestão de si, do trabalho e do estudo, da família, das relações sociais e revelam a moral das mulheres. Os métodos são a observação participante e o estudo de caso comparativo construído com base em perfis sociológicos individuais. Para a descrição e a interpretação dos mesmos, contamos com o auxílio do software de análise qualitativa NVIVO9. Os resultados indicam que as telenovelas oferecem às mulheres das classes populares promessas de transformação da vida amorosa, padrões de comportamento sexual, modos (respeitáveis) de apresentação no espaço público e o modelo do self ideal burguês.
Resumo: Este artigo resulta de uma pesquisa de caráter exploratório cuja finalidade foi analisar as apropriações da trama por parte dos fãs da telenovela Velho Chico no que diz respeito a questões referentes a gênero. Valemo-nos, para tanto, das publicações e comentários produzidos pelos receptores do referido produto ficcional em um grupo dedicado especificamente a ele no Facebook. Teoricamente, é apresentado um tensionamento a respeito das implicações das mudanças tecnológicas nos estudos de recepção, em diálogo com a perspectiva dos estudos culturais. Quanto ao protocolo metodológico adotado, aproximamonos da perspectiva da teoria fundamentada como método, de Fragoso, Recuero e Amaral, e classificamos as publicações e comentários coletados por meio do processo de codificação aberta, o que possibilitou o reconhecimento de padrões e elementos relevantes para a análise em questão. Palavras-chave:Recepção; Convergência; Telenovela; Gênero. The old and the new: senses conceived by soap opera fans in times of media convergenceAbstract: This article is the result of an exploratory research with the purpose to analyze plot appropriations by fans of the Brazilian soap opera Velho Chico on issues related to gender. Therefore, we used publications and comments produced by receptors about this fictional product in a group dedicated specifically to it on Facebook. Theoretically, we discuss the implications of technological changes in reception studies while analyzing through Cultural Studies perspective. We also adopted a methodological protocol approach to the perspective of Grounded Theory as method and classified publications and comments collected by a process of open codification that enabled recognition of relevant patterns and elements for this analysis.
Beverley Skeggs: recusando-se a ser vencida pelo cansaço (2012). Skeggs é professora honorária de sociologia na Warwick University e doutora honorária das universidades de Aalborg (Dinamarca), Stockholm (Suécia) e Teesside (localizada em sua cidade natal). Em 2003, ela foi eleita para a Academy for Social Sciences (Reino Unido).MATRIZes: Você é uma das mais proeminentes sociólogas feministas e marxistas da atualidade. Como se sente alcançando essa condição num mundo dominado pela ideologia neoliberal e pela perspectiva masculina?Beverley Skeggs: Em primeiro lugar, não creio ser a mais proeminente em nada, mas tive algum poder nas instituições. Porém, é sempre uma luta, porque houve uma resistência real ao estudo de classe, especialmente no final da década de 1980, quando conclui meu doutorado. Assim, em meu primeiro livro sobre classe, a editora não queria que a palavra "classe" estivesse no título. Isso tem sido sempre muito difícil. E acredito que continuei lutando. Mas lutei em diferentes espaços. Na sociologia, por exemplo, para manter o gênero e a classe na agenda. Então… Não sei. Trata-se de ser determinada, insistir no que se acredita e não ser limitada. Quando as pessoas diziam, "você deveria estudar o pós-modernismo", eu o estudei, tornei-me uma crítica dele e não o aceitei. Então, as pessoas disseram que eu deveria estudar o consumo. Novamente, eu disse, "tudo bem, irei estudá-lo, mas para desconstruí-lo, irei criticá-lo". É bastante divertido. Continuo pensando em não estudar mais a classe, mas então faço um projeto sobre o Facebook e o que descubro é essa quantidade fenomenal de divisão entre as pessoas a quem o Facebook vende propagandas e aquelas que são consideradas perda de tempo. Assim, até quando penso estar estudando uma força técnica, o que encontro é que tudo é sobre classe. Por isso, continuo retornando a isso, inadvertidamente.MATRIZes: Você tem razões pessoais para fazer isso? Para manter a classe em sua agenda?Skeggs: Sim, é claro. Eu vejo injustiça em todo o lugar. Em toda parte. É muito difícil para mim. Não posso ignorar isso. Creio que algumas pessoas podem ignorar, mas eu não posso. Simplesmente não posso.MATRIZes: Vivemos num mundo em que a informação/comunicação está configurada como um ambiente que estrutura as práticas econômicas, sociais, culturais e políticas em uma sociedade globalizada. Quais precauções a pesquisa científica deve tomar para evitar o determinismo tecnológico?Skeggs: Creio apenas que temos uma responsabilidade de entender o quadro potencial. Precisamos entender todas as condições que nos envolvem, não apenas as partes. Temos que entender como elas se conectam e como elas
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