Ao discorrer sobre a evolução histórica da legislação referente a proteção do trabalho feminino, percebe-se, entre avanços e retrocessos, poucos efeitos práticos no empreendimento de uma verdadeira ruptura com os processos de desigualdade de gênero. Do mesmo modo a recente Reforma Trabalhista vem demonstrando incapacidade em dissolver a reprodução de tais padrões ao flexibilizar as normas sociais do trabalho. Frente a isso, o artigo tem por objetivo apresentar as alterações legislativas da Reforma Trabalhista que culminaram em impactos à força de trabalho feminina, especialmente referente ao contrato intermitente. Para isso realizou-se pesquisa documental a despeito das legislações anteriores e vigentes, bem como revisão de literatura de estudos desenvolvidos sobre a Reforma Trabalhista após sua promulgação, articulados a aportes teóricos das ciências humanas e sociais que discutem a divisão sexual do trabalho e a segregação entre homens e mulheres no trabalho. Assim como os trabalhos flexíveis do tipo parcial e temporário, o contrato intermitente segue inserindo mulheres em atividades segregadas de baixa qualificação, escolaridade e renda, produzindo dinâmicas semelhantes em termos de precarização e intensificação do trabalho, que comprometem sobretudo, a conciliação entre vida familiar e laboral.
Em novembro de 2017 a recente aprovada Reforma Trabalhista entrou em vigor, possibilitando, dentre diversos pontos, a terceirização irrestrita da força de trabalho nos mais diversos segmentos empresariais, trazendo novas implicações para o mundo laboral. Somando-se a este cenário, em 2020, o desastre da pandemia de COVID-19 promoveu transformações intensas das relações de trabalho. Neste contexto, o ramo da construção civil foi considerado atividade essencial no Brasil, não interrompendo suas operações durante a crise humanitária. A pesquisa teve como objetivo compreender as vivências laborais de trabalhadores terceirizados do ramo da construção civil, de uma obra pública no interior paulista, durante o desastre da COVID-19, utilizando a Análise Ergonômica do Trabalho e Psicodinâmica como metodologia, entrelaçadas com a Sociologia do Trabalho. Os resultados apontam um cenário de duplo abandono da organização do trabalho no trato com os terceirizados, agravados pelo atual cenário sanitário.Palavras-chave: Trabalho terceirizado. Psicodinâmica do trabalho. Desastre da COVID-19.
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