O presente trabalho visa elucidar o fundamento lógico da passagem do arbítrio para a vontade livre “em si e para si” na Introdução à Filosofia do Direito de Hegel. Defende-se as seguintes teses: 1. A idéia de tal passagem, concebida como reflexivização da vontade, já está presente na ética de Fichte. No entanto, diferentemente de Fichte Hegel concebe-a num fundamento lógico-conceitual. 2. O fundamento lógico da passagem em Hegel é a passagem da Lógica da Essência para a Lógica do Conceito. 3. A explicitação da vontade livre em si e para si pela Lógica do Conceito não envolve ainda o caráter ético-social da realização da tal liberdade, que só se revela no desdobramento da Filosofia do Direito.
Nos primeiros escritos da sua fase ienense, Hegel defende a concepção de uma identidade originária na qual a subjetividade seria "suspendida". O presente trabalho visa explicitar essa concepção como uma contribuição para a teoria da intencionalidade que coloca em foco a unidade entre elementos conceituais e sensíveis (ou emocional-motivacionais) como condição da intencionalidade da percepção e do agir. Num primeiro passo, argumenta-se que nos seus escritos críticos Hegel entende por "filosofia da subjetividade" posições que envolvam uma concepção separadora acerca da relação entre pensamento e sensibilidade na percepção e no agir, estando ligada à noção do sujeito como controlador distanciado da sensibilidade. Portanto, a crítica hegeliana à filosofia da subjetividade dirige-se contra tal concepção da intencionalidade e do sujeito desta. Num segundo passo, aborda-se a alternativa hegeliana a essa imagem -a concepção da unidade indissolúvel do pensamento e da sensibilidade como fundamento da percepção e do agir. Por fim, a imagem da autoconsciência adotada na Fenomenologia do Espírito é analisada como implicação dessa concepção da intencionalidade.
O objetivo deste artigo é elucidar a polêmica entre Fichte e Jacobi na fase da Doutrina da Ciência nova methodo. Defende-se que nessa fase a oposição jacobiana entre “especulação” e “fé” (ou “vida”) cunhou a metodologia da Doutrina da Ciência. Como mostram os escritos de Fichte que estão relacionados com a querela do ateísmo, Fichte apropriou-se da crítica de Jacobi ao conhecimento do entendimento que se orienta exclusivamente pelos princípios da explicação teórico-construtiva e adotou a concepção da Doutrina da Ciência como uma elucidação do “condicionado” que parte da evidência da fé, esta evidência sendo entendida como essencialmente prática. Sob esse aspecto, a metodologia da Doutrina da Ciência nova methodo corresponde à concepção do conhecimento da “razão” que Jacobi apresentou na segunda edição do seu livro sobre a doutrina de Espinosa. No entanto, apesar desse consenso com Jacobi há uma divergência entre a posição de Fichte e a de Jacobi, na medida em que a Doutrina da Ciência não adota o realismo acerca dos objetos da experiência que é indispensável no ponto de vista da “vida”, submetendo este a uma explicação construtiva.
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