Há poucas pesquisas no Brasil sobre experiências de mulheres negras viajantes, de modo a invisivibilizar um debate interseccional no setor. A partir desta realidade, o artigo tem o objetivo de investigar como a questão racial atravessa as experiências turísticas de mulheres negras. A pesquisa é resultante de uma netnografia realizada no grupo Viajantes Negros, do Facebook, composto por 3.720 pessoas, que foi acompanhado de 30 de janeiro a 15 de março de 2021. As 109 postagens realizadas no período foram categorizadas usando a análise temática e evidenciaram que as mulheres ali inseridas entendem a importância do corpo negro viajante ocupar todos os espaços – de maneira a mostrar que elas são turistas e não apenas trabalhadoras do setor –, contudo, foi possível notar um interesse maior por roteiros afrodiaspóricos. A pesquisa revelou ainda que o grupo é visto como um espaço seguro para troca de informações, que apenas mulheres negras compreendem – como dicas de locais onde o racismo é menos explícito, ou ainda experiências vinculadas a um suposto exotismo do corpo feminino negro. Como consideração final, aponta a necessidade de dar atenção ao movimento de viajantes negros do Brasil.
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