RESUMO: Como parte de amplo estudo epidemiológico sobre condições de saúde na infância, avaliou-se através de exame antropométrico o estado nutricional de urna amostra representativa das crianças menores de cinco anos residentes no Município de São Paulo, SP, Brasil (n = 1.013). Utilizando os crité-rios diagnósticos da classificação de Gomez, a prevalência da desnutrição no Município foi estimada em 25,9%, sendo de 2,9% a prevalência de formas moderadas e nula a de formas severas. Através da comparação com estudo realizado há cerca de 10 anos, não se evidencia atenuação nos índices de desnutrição no Município, o que contrasta com a pronunciada queda observada nos coeficientes de mortalidade infantil e pré-escolar. A distribuição etária da desnutrição denota clara proteção do primeiro ano e concentração de casos na faixa etária subseqüente, fatos importantes que devem ser levados em conta tanto na investigação dos determinantes da desnutrição quanto na formulação de programas de controle. A distribuição do estado nutricional pelos diferentes estratos populacionais, além de confirmar a inconteste determinação sócio-econômica da desnutrição, evidencia que, no Município de São Paulo, a clientela potencial para os programas de prevenção e controle da desnutrição somaria pelo menos 400.000 crianças. O emprego do exame antropométrico na avaliação do estado nutricional de indivíduos ("antropometria nutricional") se fundamenta na evidência de que o crescimento e a manutenção das dimensões corporais exigem a presença de condições nutricionais ótimas, sobretudo quanto a ingestão e utilização biológica de calorias e proteínas. Tal evidência indica que indicadores antropométricos possam detectar com grande sensibilidade casos de desnutrição 18,19 . UNITERMOS:Outro fator de sustentação do exame antropomé-trico na avaliação nutricional é o fato de que os distúrbios não nutricionais do crescimento tendem a ser bem menos freqüentes na população do que os distúrbios de natureza nutricional, ocorrência que se acentua em populações onde é alta a prevalência de déficits de crescimento. Tal situação indica que indicadores antropométricos possam também alcançar grande especificidade no diagnóstico da desnutrição 18,19 .No caso específico dos primeiros anos de vida, o exame antropométrico, além de aferir o estado nutricional infantil, constitui-se importante preditor das chances de sobrevivência da criança 7,14 .Em face das propriedades mencionadas e da factibilidade e baixo custo de sua operação em campo, o exame antropométrico é altamente recomendável em inquéritos que objetivam avaliar o estado nutricional de populações 13,27 .No Brasil, o último (e, de fato, único) inquérito antropométrico-nutricional de caráter nacional foi realizado em 1974/75 8 . Ainda que não completamente analisados, os dados do referido inquérito apontam alta prevalência de desnutrição nos Estados da região Nordeste, onde cerca de dois terços das crianças de um a quatro anos apresentavam pesos iguais ou inferiores a 90% dos valores esperados 25 . Nas regiões ...
RESUMO:No período 1984/85 realizou-se pesquisa epidemiológica objetivando identificar condições de saúde das crianças de O a 59 meses residentes no Município de São Paulo, SP, Brasil. Foi estudada uma amostra probabilística das referidas crianças (n= 1016), em seus domicílios, através de inquéritos que enfocaram características sócio-econômicas, ambiente físico, condições de alimentação, estado nutricional, morbidade e assistência materno-infantil. Foram abordados aspectos metodológicos da pesquisa com destaque para a análise das etapas referentes à amostragem e ao sistema de coleta de dados, concluindo-se pela adequada representatividade dos resultados obtidos no estudo. São descritas as características sócio--econômicas e ambientais da população estudada, as quais evidenciam considerável risco para a saúde infantil: cerca de dois terços das crianças pertencem a famílias com renda insuficiente para adquirir bens e serviços essenciais; mais da metade das crianças vivem em domicílios que não contam com rede de água e esgoto; cerca de 20% das crianças residem em favelas ou cortiços da cidade; e mais de um terço das crianças habitam domicílios de um só cômodo.
RESUMO: Como parte de amplo estudo epidemiológico sobre condições de saúde na infância, avaliou-se a magnitude e a distribuição da doença diarréica no Município de São Paulo, SP, Brasil. Os resultados foram obtidos a partir de exame clínico e inquérito recordatório de uma amostra probabilística de 1.016 crianças menores de cinco anos. Para o conjunto da amostra, apurou-se incidência de 7,6 episó-dios de diarréia por 100 crianças-mês e 2,0 internações por 100 crianças-ano. A freqüência máxima de episódios situou-se entre dois e três anos de idade e a freqüência máxima de internações nos 2 primeiros anos de vida. Ambos, episódios e internações, foram mais freqüentes nos estratos de menor nível sócio-econô-mico. Com relação a estudo realizado no Município há cerca de dez anos, pôde-se registrar redução de aproximadamente 60% na freqüência da diarréia e deslocamento do pico de incidência máxima para idades maiores. Estes dois fenômenos coincidem com expressivo aumento da cobertura do abastecimento de água no município. Aparentemente como resultado da diminuição na freqüência da diarréia, detectaramse sensíveis reduções tanto nas internações hospitalares quanto na mortalidade por aquela doença. A freqüência ainda alta de diarréia no Município, sobretudo a elevada incidência de internações hospitalares nos primeiros meses de vida, assinala a necessidade de melhorias adicionais no saneamento ambiental e de esforços em outros setores como o da promoção do aleitamento materno. No perfil de morbidade típico das populações infantis dos países não desenvolvidos, a doença diarréica ocupa papel de grande relevância. A importância desta patologia decorre, em primeiro lugar, de sua participação nos coeficientes de mortalidade na infância, onde, com freqüência, a diarréia se destaca como a principal causa de morte 18 . Também importante são os efeitos nocivos dos episódios diarréicos para o crescimento e desenvolvimento infantis 3,14,19 . Não menos importante é a forte pressão que a doença diarréica exerce sobre a demanda por assistência à saúde 1 . UNITERMOS:Informações relativas à ocorrência de morbidade em geral e da doença diarréica em particular são escassas em nosso meio. Os poucos dados disponíveis freqüentemente procedem de levantamentos de registros de serviços de saúde, o que torna problemá-tica sua utilização em inferências populacionais. Estatísticas de mortalidade por causas específicas igualmente são limitadas para descrever a ocorrência da diarréia na população, pois circunscrevem a aná-lise apenas aos casos muito graves da doença. Em face destes aspectos, a incidência da doença diarréica é virtualmente desconhecida, tanto no Brasil, como um todo, quanto nos seus principais núcleos populacionais.Entre abril de 1984 e junho de 1985, uma amostra representativa das crianças menores de 5 anos do Município de São Paulo foi minuciosamente estudada através de entrevistas e exames clínicos domiciliares 16 . O referido estudo abrangeu, entre outros aspectos, a averiguação da presença da doença diarréica no dia da entrevist...
A random sampling of children under age five in Sao Paulo, Brazil, 1984/85, disclosed the median duration of breast-feeding to be 3.5 months and the duration of exclusive breast-feeding, 2.0 months. A comparison of these figures with those of a similar survey carried out in the same city in 1973/74 revealed a substantial increase
RESUMO: Como parte de amplo estudo epidemiológico sobre condições de saúde na infância, investigou-se a freqüência e duração do alietamento materno em amostra representativa de crianças menores de cinco anos residentes no Município de São Paulo, SP (Brasil) (n = 1.016). Apesar de a grande maioria das crianças iniciar a amamentação (92,8%), menos da metade chega amamentada aos quatro meses de idade, alcançando os 12 e os 24 meses, respectivamente, 18,8% e 10,7% das crianças. A duração mediana da amamentação no Município de São Paulo foi estimada em 109,25 dias. Para o aleitamento materno exclusivo, a duranção mediana estimada foi ainda menor: 62,55 dias. A estratificação da amostra revelou que a duração mediana tanto da amamentação quanto do aleitamento exclusivo alcançou valores superiores nos estratos de maior nível sócio-econômico, contrariando, portanto, a situação usualmente encontrada em países em desenvolvimento. A comparação dos dados obtidos em 1984/85, com dados obtidos em 1973/74 e em 1981, revela a ocorrência em São Paulo de um movimento recente de retorno à prática da amamentação. Tal movimento, ainda não documentado em nenhum outro grande conglomerado urbano do Terceiro Mundo, assemelha-se ao movimento observado na década de 70 em vários países desenvolvidos, inclusive no que se refere à sua maior intensidade nos estratos de maior nível sócio-econômico. Embora os resultados do referido movimento possam ser considerados modestos, pois uma expressiva proporção de crianças ainda é desmamada precocemente, eles mostram que não há razão para se aceitar como inevitável ou como irreversível a tendência de queda da prática da amamentação nas sociedades urbanas do Terceiro Mundo. A consideração da forma de aleitamento da criança em estudos diagnósticos sobre condições de saúde na infância apresenta inúmeras justificativas. Estas justificativas procedem tanto de estudos que demonstram as propriedades espécie-específicas do leite humano 11 quando de estudos que empiricamente comprovam as vantagens da criança aleitada ao seio 20 . No primeiro caso, é digna de nota a demonstração de aspectos físico-químicos, nutricionais e imunológicos do leite humano não passíveis de imitação tecnológica e, no segundo caso, destacam-se os efeitos positivos do aleitamento ao seio sobre o estado nutricional, o crescimento e o desenvolvimento e a morbi-mortalidade das crianças. UNITERMOS:Ainda que as vantagens do aleitamento ao seio sobre o artificial adquiram maior importância, e mesmo certa dramaticidade em contextos ambientais adversos, dispõe-se hoje de evidências suficientes que afirmam o caráter absoluto e universal da superioridade do aleitamento materno. Excelentes e atualizadas revisões sobre o papel do aleitamento materno na definição das condições infantis de saúde foram recentemente elaboradas por especialistas na matéria e podem ser encontradas em Jelliffe e Jelliffe 11 , Cunningham 6 , Feachem e Koblinski 7 e em publicação recente da Academia Americana de Pediatria 20 (1984).Durante milhões de anos de existência da es...
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