Este texto objetiva analisar a estratégia política do governo de Jair Bolsonaro que tenta impor às escolas públicas brasileiras sua conversão cívico-militar, como um fenômeno que oculta, pelo menos, dois aspectos fundamentais totalmente imbricados: (a) uma história de negligência identificada na desvinculação de recursos para a educação; (b) uma ação que favorece o capital financeiro e os reformadores empresariais na educação pública. Embora o Decreto que cria o Programa Nacional de Escolas Cívico-Militares (PECIM) tenha indicado ser facultativa a adesão dos entes federativos ao Programa, será possível notar aqui que, a escola pública tem contra si, na atual conjuntura, a pressão para ter de aderir à militarização das escolas, como uma refém com um fuzil apontado contra si, cuja desobediência poderá significar seu extermínio. Sob os sintomas vertiginosos provocados pelas subsequentes usurpações históricas de calote e mecanismos de desvinculação dos valores que deveriam ser a ela destinados, a escola pública vê-se coagida, para poder continuar existindo, a submeter-se às garras da lógica militarizada.
Neste artigo é apresentada a visão de Zizek sobre a ideologia, o ato político e aspectos da educação. Para funcionar, não basta que a ideologia apareça como uma rede simbólica alienante amparada em aparelhos ideológicos, mas é necessário que ela também obtenha êxito em termos de interpelação subjetiva, mediante a incidência da fantasia inconsciente dos indivíduos sob a força aglutinadora da crença – via práticas apoiadas nos “objetos sublimes da ideologia”. Porém, a ideologia não é apenas uma ilusão que preenche a lacuna de uma impossibilidade intrínseca, ela também funciona como uma forma de regular certa distância do encontro com o Real, com a Coisa. A ideologia sustenta, no nível da fantasia, o que procura evitar no nível da realidade. Por fim, um ato político, de ruptura radical com as coordenadas de um regime sócio-político opressor, representa também um ato educativo por excelência que aponta para a liberdade e a emancipação social.
Partindo da famosa tese de Walter Benjamin de que o resultado lógico do fascismo é a introdução da estética na vida política, percebemos como os recursos estéticos são captados e transformados em veículos motores para o espetáculo do fascismo. Dentro desse espetáculo destaca-se o homem autoritário diagnosticado por Theodor Adorno. A compreensão desses fenômenos devem ser ancoradas em bases psicanalíticas, pois o horror político representado pelo fascismo emerge das repressões libidinais que a sociedade industrial impõe.
rESumo: Neste artigo, pretendemos trabalhar, a partir de uma leitura de Zizek e Lacan, a perspectiva radical de liberdade como superação da dialética entre a Lei moral kantiana e o gozo sádico. Para isso, procuramos primeiramente mostrar como Lacan articula a relação de Kant com Sade, para, em seguida, pensar como, segundo Zizek, o psicanalista encontra uma saída para o princípio de liberdade kantiana, a partir da ética do desejo puro, o que nos permitirá pensar um Kant sem Sade. PAlAvrAS-cHAvE:Lei Moral. Desejo. Gozo. Liberdade. introduçãoEm 1963, Lacan publica um texto considerado por muitos como um dos mais herméticos de seus Escritos, e cuja dificuldade se expressa já no tí-tulo: Kant com Sade. A impressionante combinação desses dois autores nos leva diretamente à questão de como é possível o arauto da moralidade, na era moderna, para quem a liberdade está incondicionalmente ligada ao dever moral, à intransigência do imperativo categórico, formar par com o seu extremo oposto, a maior expressão literária da perversão e da libertinagem incontida. Por isso, Zizek (1998) assinala que essa dupla, de todas que já se formaram, ao longo dos últimos anos (como Freud e Lacan, Marx e Lenin etc.), é, com efeito, a mais problemática do pensamento moderno. Mas, longe de essa estranha associação ser um mero devaneio do psicanalista, devemos louvar aqui seu gê-nio: Lacan pôde extrair do seio do rigor moral kantiano o seu núcleo obsceno, excessivo e perverso, que permanecia oculto para a tradição, e cuja melhor
Materialismo dialético, luta de classes e insights filosóficos sobre a educação a partir de Slavoj Žižek Resumo: O artigo aborda a concepção de luta de classes no atual cenário histórico, político e social. O dogma das democracias ocidentais sugere que vivemos numa era pós-ideológica. Isso implica que não há mais espaço para a ideia de luta de classes. Contudo, segundo Žižek, é esse discurso que deve ser enquadrado no campo ideológico. Žižek retoma o conceito de materialismo dialético a fim de demonstrar a contradição interna ao campo ideológico de nossa sociedade dita pós-ideológica. Nesse momento, o conceito de luta de classes retorna à cena. A luta de classes não consiste num antagonismo entre dois polos num espaço comum, mas na fissura inerente ao próprio espaço. Para desenvolver o tema, cabe, antes, abordar o conceito de materialismo teológico de Walter Benjamin, que fundamenta, substancialmente, o conceito de materialismo dialético de Žižek. Importante, igualmente, retomar uma reflexão sobre o conceito de pulsão de morte em Freud, já que tal conceito exprime exatamente a fissura interna à realidade que condiciona a luta de classes. Convém, ademais, compreender como a ideia de educação pode ser pensada a partir da contradição que mobiliza a luta de classes.Palavras-chaves: Materialismo dialético. Luta de classes. Ideologia. Educação. Dialetic materialism, class struggle and philosophical insights on education from Slavoj Žižek Abstract: The article discusses the concept of class struggle in the current historical, political and social scenario. The dogma of Western democracies suggests that we live in a post-ideological era. This implies that there is no longer any room for the idea of class struggle. However, according to Žižek, it is this discourse that must be framed in the ideological domain. Žižek takes up the concept of dialectical materialism in order to demonstrate the internal contradiction to the ideological field of our so-called post-ideological society. At this point, the concept of class struggle returns to the scene. The class struggle does not consist of an antagonism between two poles in a common space, but in the fissure inherent in the space itself. To develop the theme, it is first necessary to approach Walter Benjamin's concept of theological materialism, which substantially supports Žižek's concept of dialectical materialism. It is also important to resume a reflection on the concept of the death instinct in Freud, because this concept expresses exactly the internal fissure in reality which conditions the class struggle. In addition, it is important to understand how the idea of education can be thought of from the contradiction that mobilizes the class struggle.Keywords: Dialectical materialism. Class struggle. Ideology. Education. Matérialisme dialetique, lutte de classe et insights philosophiques sur l'éducation de Slavoj Zižek Résumé: L'article aborde le concept de lutte des classes dans le scénario historique, politique et social actuel. Le dogme des démocraties Occidentales sugère que nous vivons à une époque post-idéologique. Cela implique qu'il n'y a plus de place pour l'idée de lutte de classe. Cependant, selon Žižek, c'est ce discours qui doit être cadré dans le domaine idéologique. Žižek reprend le concept de matérialisme dialectique afin de démontrer la contradiction interne au champ idéologique de notre soi-disant société post-idéologique. À ce moment, le concept de lutte des classes revient sur la scène. La lutte des classes ne consiste pas en un antagonisme entre deux pôles dans un espace commun, mais dans la fissure inhérente à l'espace lui-même. Pour développer le thème, il est d'abord nécessaire d'approcher le concept de matérialisme théologique de Walter Benjamin, qui étaye substantiellement le concept de matérialisme dialectique de Žižek. Il est également important de reprendre une réflexion sur le concept d'instinct de mort chez Freud, car ce concept exprime exactement la fissure interne à la réalité qui conditionne la lutte des classes. En outre, il est important de comprendre comment l'idée de l'éducation peut être pensée à partir de la contradiction qui mobilise la lutte des classes.Mots-clés: Matérialisme dialectique. Lutte des classes. Idéologie. Éducation. Data de registro: 09/02/2020Data de aceite: 28/08/2020
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