Arroz comercializado na região sul do Brasil: aspectos micotoxicológicos e microscópicos, Nunes et al.
-INTRODUÇÃOO arroz é um cereal que faz parte do hábito alimentar do brasileiro, o que se confirma pelo consumo per capita superior a 70kg/habitante/ano, considerando suas diferentes formas. [1,20]. A produção nacional concentra-se nos Estados da região Sul e o cultivo é feito principalmente sob a forma irrigada. Esta condição propicia a umidade necessária para a contaminação dos grãos por fungos, além disso o arroz é rico em carboidratos, substrato preferencial para o desenvolvimento destes microrganismos [7].Quando grãos de cereais são colonizados por fungos pode haver o risco de contaminação por micotoxinas, produtos do metabolismo secundário formados em condições de estresse, desbalanço de nutrientes e condições ambientais propícias. Além de diversos efeitos tóxicos agudos estas toxinas podem acarretar problemas crônicos graves como imunossupressão e carcinogenicidade [9,13].Os gêneros fúngicos mais freqüentemente associados à produção de micotoxinas em cereais são Aspergillus, Penicillium e Fusarium. Ainda que o fungo possa ser inativado ou retirado durante o processamento e não estar presente no produto manufaturado, as toxinas podem permanecer viáveis, pois não são facilmente degradáveis [9,14].O fato de o arroz ser um alimento de consumo quase diário, pela maioria da população brasileira, torna importante o conhecimento dos níveis de contaminação fúngica e a identificação dos mesmos, para posterior avaliação das possíveis causas da contaminação, dos riscos à saúde do consumidor e possivelmente tomada de medidas efetivas, no sentido de garantir a segurança alimentar da população.Assim, visando contribuir para a obtenção de dados sobre a qualidade do arroz consumido na região Sul do Rio Grande do Sul, os objetivos deste trabalho foram: avaliar a ocorrência de micotoxinas (aflatoxinas B 1 , B 2 , G 1 , G 2 , ocratoxina A, zearalenona, desoxinivalenol e toxina T-2), a micoflora e sujidades microscópicas em diferentes tipos de arroz destinado ao consumo humano.
-MATERIAL E MÉTODOS
-AmostragemA coleta de amostras realizou-se no período de maio a setembro de 2000 em duas redes de supermercados, 1 , B 2 , G 1 , G 2 , ocratoxina A, zearalenona, desoxinivalenol e toxina T-2 foi realizada pela técnica de cromatografia de camada delgada (CCD). As duas últimas toxinas foram avaliadas também pela técnica de cromatografia gasosa (CG). A micoflora foi determinada através de plaqueamento em superfície em Ágar Batata Dextrose Acidificado, com incubação a 25ºC por 5 dias. As colônias mais freqüentes foram identificadas através da técnica de microcultivo. Dentre as amostras analisadas, duas apresentaram contaminação por ocratoxina A (104 e 128µg.Kg -1 ), três por zearalenona (559, 1117 e 1955µg.Kg -1 ), sendo uma co-contaminação com a primeira. Uma das amostras estava contaminada com desoxinivalenol (266 e 300µg.Kg -1 ), este quantificado por CCD e CG. Quanto à enumeração de bolores e leveduras, os resultados mostraram que...