0 comprometimento do sistema nervoso por blastomicetos é eventualidade relativamente rara. Entretanto, merecem ser assinalados os aspectos clínicos e laboratoriais em que se baseia o seu diagnóstico, para que erros sejam evitados, e para que se recorra a tempo às terapêuticas adequadas. Dentre as afecções com que tais micoses mais se confundem ressalta a meningoencefalite tuberculosa, dada a possibilidade de se associarem às micoses nervosas processos pulmonares da mesma etiologia, e também pelo caráter do liqüido cefalorraqueano, especialmente na torulose. Outrossim, são comuns os diagnósticos de tumor encefálico ou medular nos casos de micoses que assumem a forma granulomatosa ou quando bloqueiam as vias de deflúvio do liquor ventricular. Nos casos pouco esclarecidos de meningoencefalite subaguda ou crônica, ou de tumor encéfalo-medular, não se deve descurar, portanto, da possibilidade de se tratar de uma neuromicose, contra a qual, muitas vezes, podemos lançar mão de recursos eficazes.Acreditamos oportunas, pois, as considerações que faremos a propósito de duas formas de blastomicose (paracoccidioidose e criptococose) do sistema nervoso, com base em três casos por nós estudados. PARACOCCIDIOIDOSE
Numerosos fungos podem lesar o sistema nervoso, determinando quadro anátomo-clínicos graves e variados. As neuromicoses são, quase sempre, secundárias a processos alhures situados ; propagando-se a infecção por via hemática, linfática ou por contigüidade. A freqüên-cia de tais processos varia com o fungo considerado, havendo alguns que acometem freqüentemente o sistema nervoso, ao passo que outros só o fazem raramente. Neste trabalho será feita revisão, tão completa quanto possível, do que tem sido publicado a respeito, de modo a possibilitar tentativa de esquematização da sintomatologia neurológica e das alterações do líquido cefalorraquidiano em tais eventualidades. Por outro lado, foram feitas pesquisas sistematizadas -neurológicas e humorais -em pacientes portadores de granulomatose paracoccidióidica. O trabalho será dividido, pois, em duas partes: na primeira, cuidaremos da revisão bibliográfica das várias micoses do sistema nervoso; na segunda, serão relatadas pesquisas pessoais feitas em relação à granulomatose paracoccidióidica (Paracoccidioides brasiliensis). Dos vários tipos de fungos classificados nos tratadosde micologia e patogênicos para o homem, só alguns têm sido encontrados no sistema nervoso. Por essa razão, deixaremos de parte a classificação geral destes parasitos e o estudo das caraterísticas dos vários grupos de cogumelos -assuntos abundantemente expostos e discutidos nos tratados especializados -para nos atermos ao estudo anátomo-clínico, micológico e liquórico das espécies que interessam à neurologia. Com este critério, a primeira parte deste trabalho será subdividida em 8 capítulos: 1 -Leveduroses (Trichosporon e Candida) ; 2 -Granulomatose criptocócica ou torulose (Cryptococcus neoformans) ; 3 -Blastomicose americana (Gilchristia dermatitidis) ; 4 -Granulomatose coccidióidica [Coccidioides immitis); 5 -Esporotricose (Sporotrichum Schenki) ; 6 -Actinomicose (Actinomicetos de várias espécies) ; 7 -* Docente-livre e assistente
A terapêutica das infecções bacterianas era pouco mais que um ideal em 1935. Com o advento do prontozil e o rápido desenvolvimento da terapêutica sulfonamídica, muitos germes foram atacados com êxito. Parecia provável que medicamentos novos dêsse tipo pudessem combater tôdas as infecções. Foi uma esperança malograda e nestes últimos anos a utilização das sulfonamidas tem sido mais restringida que ampliada.Outra grande descoberta terapêutica, a penicilina, veio reavivar esta esperança: trata-se de substância bacteriostática com quase completa atoxidez, permitindo introduzir no sangue 1.000 vezes a concentração necessária para a ação terapêutica, sem qualquer efeito nocivo; 1 os únicos limites para seu uso são a grande especificidade e a necessidade de economizar remédio tão precioso e de tão difícil obtenção. A penicilina, pertencendo à classe dos antibióticos, se bem seja l'mitada em sua ação pela grande especificidade etiológica, representa um grande avanço sôbre os agentes quimioterápicos conhecidos, por não ser tóxica e, principalmente, por ser capaz de agir nos casos sulfonamido-resis¬ tentes. Suas propriedades foram descobertas em 1940, depois de laboriosas pesquisas 2, 3, 4, 5, 6, 7 , cujas etapas podem ser assim sumarizadas: 1) descoberta de antibióticos ou substâncias antibacterianas de origem natural; 2) descoberta da penicilina por Alexander Fleming; 3) estudos sôbre suas propriedades quimioterápicas; 4) estudos orientados em três direções, a saber: a) produção em mass mica e, eventualmente, possibilidade de síntese; c) aplicações clínicas.
BARREIRA HEMOENCEFÁLICA JOSÉ MARIO TAQUES BITTENCOURT * HORACIO MARTINS CANELAS * Do conhecimento da anátomo-fisiologia do aparelho seletivo interposto ao sangue e ao sistema nervoso central decorre o esclarecimento de relevantes problemas ligados à neurofisiologia normal e patológica e à terapêutica das enfermidades nervosas. Já em fins do século passado admitia-se 1 a existência de uma estrutura destinada a controlar o acesso, ao sistema nervoso, de elementos químicos ou biológicos circulantes no sangue. Goldmann a realizou experiências fundamentais com o azul-tripan, observando que, quando injetado na veia, todos os órgoãs se coravam, com exceção do sistema nervoso central **; porém, quando era empregada a via intratecal, esse tecido tomava coloração azul. Por outra série de experiências, ficou demonstrado que a toxina tetánica 8 e os vírus neurotrópicos só utilizam a via neural em seu trajeto para o sistema nervoso. Foi então que, após estudos experimentais extensos e admitindo que o liqüido cefalorraqueano fosse o meio nutriente do sistema nervoso, Stern e Gautier * criaram o conceito de barreira hemoliquórica. Stern afirmava que " distúrbios nervosos atribuíveis a
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