RESUMO Introdução: Este artigo descreve como o futebol se constituiu em instituição política informal no Brasil. Materiais e Métodos: Está fundamentado no neo-institucionalismo histórico e no debate sobre instituições informais. Fizemos a análise bibliográfica, documental e de um caso típico (Sport Club Corinthians Paulista). Realizamos sete entrevistas: (a) entrevistas semiestruturadas com o jornalista Juca Kfouri e com ex-deputado Sílvio Torres (Partido da Social Democracia Brasileira) para apreender as percepções de observadores qualificados e de atores; (b) cinco entrevistas estruturadas com torcedores do Sport Club Corinthians para verificar como os torcedores elaboram o sucesso e insucesso eleitoral de ídolos de seu clube. Resultados: O futebol brasileiro funciona como um atalho para recrutamento político por dois fatores: (1) o pertencimento clubístico é um fator de identificação relevante na sociedade brasileira que pode ser mobilizado para impulsionar candidaturas marcadas por forte relação com clubes relevantes nos locais em que concorrem e, com isso, fornece uma base recrutável para o voto; (2) a estrutura atual dos clubes, das federações e da Confederação Brasileira de Futebol conta com ritos que favorecem a socialização política, por ser composta pela disputa contínua de eleições, pelas negociações com o poder público, o relacionamento entre diretoria, conselho, torcedores e imprensa. Por isso, o fato de o “corpo” futebol não estar facilmente visível desde o ponto de vista da política e da ausência de regulamentos, legislações e ordenamentos formais, não anula a capacidade do futebol fomentar práticas políticas de modo regular como algo seguro. Discussão: Os atores respondem a incentivos formais e informais. Ignorar os incentivos e normas informais produz uma imagem incompleta do fenômeno político. Assim sendo, é importante superar análises com tendência à lógica “futebol e política não se misturam” ou à interpretação desse esporte como mecanismo monolítico, de alienação das massas, apropriado por líderes políticos e reconhecer a existência de múltiplos interesses, às vezes convergentes, nos atores do futebol e a atuação política regular de atores do futebol.
O artigo resgata a proposta de Ellen Wood sobre a necessidade de sistematizar uma teoria sobre classes que embase uma renovação do materialismo histórico. Wood pretende em sua renovação embasar a luta pela Democracia Substantiva em que esteja ao alcance do poder do povo não só os ritos que desembocam em uma representação política, mas também a real possibilidade de isegoria, de autodeterminação dos produtores, mediante a “liberdade de livre associação (sic)”. Tal intento só pode ocorrer a partir da organização da classe operária, de uma classe como sujeito histórico, para a luta de classes contra os apropriadores amparados pelo Poder Estatal. Para isto, o artigo resgata dados biográficos, o ideal humano e o contexto social da produção de Ellen Wood para compreender a especificidade histórica das suas ideias. Com isso, explica-se o motivo pelo qual a autora entende que a concepção de classe que atende ao empreendimento é a concepção formulada pelo historiador britânico E. P. Thompson.
A Operação Lava Jato (OLJ) impactou a demanda eleitoral e estimulou novas estratégias por parte de atores periféricos e outsiders. Buscamos compreender como a OLJ impactou na demanda e como tais impactos se correlacionam com alterações na oferta da competição partidária, entre 2014 e 2018. Para isso, conjugamos teorias sobre mudanças institucionais nos padrões de competição e interação interpartidários com teorias sobre o comportamento político. Realizamos análises descritivas de dados, bem como testes estatísticos de associação de variáveis. Verificamos uma perda de eleitores mediais nos principais partidos, associado ao êxito dos partidos menores, sobretudo daqueles que alteraram seus rótulos. Porém, a responsabilização individual não foi totalmente mitigada pela mudança de legenda ou rótulo, nem por estratégias de contenção via reformas políticas e eleitorais.
O artigo analisa a obra de Ellen Wood para compreender como a “retirada” da centralidade da classe como categoria unificadora da experiência humana afeta o confronto ao esvaziamento da democracia. A dinâmica consiste em esclarecer a proposta de Democracia Substantiva. Depois, discutir a importância da redefinição do conceito de classe para pensar o mundo atual. Por fim, avaliar obstáculos práticos que se constituem entraves teóricos para superar a “recessão do marxismo”. O argumento está ancorado na defesa da teoria política como “exercício de persuasão” baseado em problemas reais que o autor busca responder e superar. Como resultado, destaca-se a busca por depurar uma teoria política da obra de Wood e, para isso, compreende-se que: (1) não é possível uma Democracia Substantiva no capitalismo, dada a separação entre o “político” e o “econômico”; (2) urge compreender, antes, a luta de classes local e nacionalmente para possibilitar estratégias de desenvolvimento nacionais autônomas.
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