O câncer é a doença que mais causa mortes no mundo, configurando-se, na atualidade, como um dos mais importantes problemas de saúde pública. O século XX se destacou por um avanço na pesquisa de produtos naturais, especialmente oriundos de plantas utilizadas na terapêutica antineoplásica. Estudos in vitro podem ser realizados em culturas celulares, possibilitando a caracterização dos mecanismos de ação, eficácia e seletividade de substâncias provenientes de espécies vegetais. Neste trabalho demonstramos alguns resultados obtidos através do tratamento de células de uma linhagem humana de câncer cervical (SiHa) com diferentes preparações oriundas de espécies vegetais nativas (óleos essenciais e extrato bruto aquoso), usando metodologias de fácil execução e economicamente viáveis. Tais metodologias visam a avaliação de parâmetros importantes para o crescimento e estabelecimento de células tumorais, tais como adesão celular, migração, recuperação da viabilidade após a retirada do tratamento e formação de colônias. Nossos resultados demonstraram que tais tratamentos reduziram de forma significativa os parâmetros mencionados, exemplificando a importância das ferramentas metodológicas aqui descritas para a triagem e desenvolvimento de novas terapias antitumorais.
O potencial de espécies vegetais para a descoberta de novos fármacos antitumorais tem sido reconhecido devido ao uso delas na medicina popular. O câncer cervical possui alta incidência e morbidade, entretanto, os tratamentos convencionais apresentam uma série de limitações. Neste estudo, foi investigado o efeito do extrato bruto aquoso obtido de folhas de uma espécie da família Myrtaceae (EBA), o óleo essencial obtido a partir das folhas desta mesma espécie (OE1) e óleo essencial extraído de flores de uma espécie da família Asteraceae (OE2) em células de uma linhagem humana de câncer cervical (SiHa) e em uma linhagem não tumoral de queratinócitos humanos (HaCaT). As células foram mantidas em condições padrão e tratadas por 24h com diferentes concentrações dos tratamentos e submetidas ao ensaio de MTT (0,5 mg/ml). Os três tratamentos utilizados nasdiferentes concentrações induziram inibição significativa na viabilidade das células tumorais a partir de concentrações baixas, entretanto, o IC50 de um tratamento que induziu um efeito pronunciado nas células tumorais, não causou inibição na viabilidade da linhagem não tumoral. O potencial terapêutico dos tratamentos utilizados enfatiza a importância de investimentos na continuidade destes estudos e projetos relacionados à investigação de espécies vegetais como aliados no combate ao câncer.
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