Este artigo é baseado numa experiência de estágio em Educação Patrimonial (UFRGS) feito no Cemitério da Santa Casa, em Porto Alegre/RS. Tomando a forma de um relato, o artigo se propôe a discutir as potencialidades de se aprender e ensinar história a partir do espaço cemiterial. Nesse sentido, foram utilizadas, para as visitas, as faces do esquecimento que estão representadas na territorialidade do espaço, bem como as diferentes manifestações estéticas e sua relação com as diferentes classes sociais presentes ali. Assim, foi proposta uma reflexão sobre o esquecimento e a história a partir de uma prática de visita mais tangente às subjetividades, fazendo uma interlocução com a divisão espacial da instituição e tecendo uma narrativa a partir das relações de poder, em oposição à “história dos grandes homens”.
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O presente artigo pretende analisar o desastre nuclear de Tchérnobil, ocorrido em 1986 entre a fronteira da Ucrânia e da Bielorrússia. Seu objetivo é compreender como os efeitos da radiação transformaram Tchérnobil e seus arredores em “zonas contaminadas”, o que sugere uma espacialidade traumatizada. Para tanto, se recorreu a uma discussão, da área de psicologia, a respeito do trauma, sobretudo a partir de uma temporalidade e de uma linguagem traumática. Dessa forma, os efeitos dos radionuclídeos no ambiente, que por vezes fazem “a vida” e “a morte” se confundirem na silenciosa guerra radioativa, corroboram a interpretação de que, em termos naturais e físicos, o desastre nuclear é um exemplo de como o ser humano atualmente atua como agente central de modificação ambiental. Assim, recorreu-se às análises de Hannah Arendt a respeito dos avanços técnicos da Revolução Atômica e a conquista do espaço. Nesse sentido à luz dos debates do Antropoceno, o desastre nuclear demonstra a capacidade técnica de destruição ambiental –ou de autodestruição do nosso planeta – pela humanidade. Para um entendimento sobre a relação das testemunhas com o espaço contaminado, propõe-se uma leitura do acontecimento a partir do livro Vozes de Tchérnobil, da escritora bielorrussa Svetlana Aleksiévitch, em diálogo com os estudos científicos das áreas radiológica e química.
O presente artigo se debruça sobre a obra da jornalista e escritora ucraniana/bielorrussa Svetlana Aleksiévitch, ganhadora do Nobel de Literatura de 2015. Composta por milhares de testemunhos traumáticos, a obra se propõe escrever a história do “pequeno homem soviético” de maneira sensível, dando à memória individual valor reconstitutivo da experiência passada, de modo ao componente “memória” ser associado à “verdade”. Assim, com um olhar literário, e não historiográfico, a autora opõe, política e existencialmente, a memória biográfica à “gloriosa história da Vitória soviética”. Assim, busca-se investigar metodologicamente os usos da memória enquanto fonte em sua narrativa e trazer, a partir de uma preocupação biográfica, corporal e sensível, problematizações linguísticas e epistemológicas para a escrita da história contemporânea.Palavras-chave: Svetlana Aleksiévitch; Memória soviética; Linguagem; Escrita da história.Abstract The present paper aims at reflecting about the work of the ucranian/bielorussian journalist and writer Svetlana Aleksiévitch, winner of the 2015 Nobel of Literature. Composed by thousands of traumatic testimonials, her book proposes to write the history of the “little Sovietic man” in a sensitive way, giving the individual memory a reconstitutable value over the past experiences, in a way that “memory” is associated to “truth”. Thus, not within an historiographical perspective, but rather through a literary one, the author opposes, politically and existentially, a biographical memory to the “glorious history of the Soviet victory”. On these grounds, this paper targets to investigate methodologically the uses of memory as a source in Aleksiévitch’s narrative, and also to bring, through a biographical, corporal and sensible preoccupation, linguistical and epistemological questionings to the process of contemporary historical writing.Keywords: Svetlana Aleksiévich; Soviet memory; Language; Writing of history.
Este artigo é baseado numa experiência de estágio em Educação Patrimonial (UFRGS) feito no Cemitério da Santa Casa, em Porto Alegre/RS. Tomando a forma de um relato, o artigo se propôe a discutir as potencialidades de se aprender e ensinar história a partir do espaço cemiterial. Nesse sentido, foram utilizadas, para as visitas, as faces do esquecimento que estão representadas na territorialidade do espaço, bem como as diferentes manifestações estéticas e sua relação com as diferentes classes sociais presentes ali. Assim, foi proposta uma reflexão sobre o esquecimento e a história a partir de uma prática de visita mais tangente às subjetividades, fazendo uma interlocução com a divisão espacial da instituição e tecendo uma narrativa a partir das relações de poder, em oposição à “história dos grandes homens”.
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