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Este texto versa sobre as inúmeras formas de produção e usos políticos das memórias territoriais no movimento de luta quilombola do rio Andirá (2005-2018). É um aspecto de pesquisa de doutorado que analisou a relação entre os processos de construção da identidade étnica e as territorialidades quilombolas. Pautou-se na história social e seus diálogos interdisciplinares com as ciências sociais (CASTRO,1997; BARROS, 2005), na metodologia da história oral (ALBERT, 2011; MEIHY, 2005) e nos estudos do pós-abolição (RIOS e MATTOS, 2004). Iniciado em 2005, consegue certidão de autodeclaração em 2013 e atualmente luta pela demarcação do território tradicionalmente ocupado, desde as décadas finais do século XIX. Através das memórias, de práticas socioculturais cotidianas, Santa Tereza, Boa Fé, Ituquara, São Paulo e Trindade recuperam aspectos da história social do grupo, a partir de suas demandas atuais, de suas histórias e de seus processos territoriais tornados as fontes privilegiadas dessa recuperação de suas trajetórias. Com ações políticas, articuladas por uma Federação, tais grupos sociais se etnicizam e pautam o Estado brasileiro. Reconstituem espaços físicos e simbólicos, a partir de articulações em torno de uma memória étnica e territorial, criam e acionam outros mecanismos que representam possibilidades de reconhecer o território. Tais mecanismos são potencializados em torno das novas interpretações de aspectos de sua história, dos fatos e da construção da memória ancestral. Nesses movimentos de ações políticas, reordenam imagens e compreensões acerca das noções de tempo, seus usos em conexões com as lógicas da natureza, lições apreendidas nos encontros com as outras Amazônias existentes nos diversos espaços e experiências vividas na escravidão e pós-abolição.
O objetivo foi refletir sobre mecanismos criados e acionados em processos de luta por reconhecimento no território
quilombo na Amazônia Central. Considerou-se a memória étnica e territorial a partir de narrativas de lideranças
quilombolas sobre o contexto de luta por reconhecimento. Notou-se vinculação entre memória étnica e territorial
para a construção de identidades e territorialidades no Andirá. Como em demais locais da Amazônia, tais memórias
foram positivadas e politizadas, adequando-se a interesses de indivíduos autodeclarados.
Palavras-chave: Memória étnica. Memória territorial. Emergência quilombola. Amazônia.
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