ApresentaçãoNosso interesse e desejo em entrevistar o professor Roberto Cardoso de Oliveira foi o de abrir um diálogo com um dos mais importantes antropólogos e hermeneutas brasileiros da atualidade, tomando como foco deste diálogo uma reflexão em torno dos respectivos papéis da escrita e da visualidade na produção do "discurso antropológico" ou, melhor dizendo, levantando a questão das "representações" que ambas promovem em vista de "interpretações" (singulares tanto complementares) dos fatos culturais. Na realidade, descobrir-se-á, nesta generosa entrevista, que mergulhamos em cinquenta anos da história da antropologia brasileira e na obra reconhecida de um autor, particularmente aberto e crítico em face da chamada "antropologia pós-moderna". Esta entrevista faz parte do projeto "A imagem dos Tükúna no contexto de um trabalho antropológico: as fotografias de Roberto Cardoso de Oliveira", desenvolvido no âmbito do curso do Programa de Pós-Graduação em Multimeios na Unicamp, por João Martinho de Mendonça, sob a orientação de Etienne Samain e com o apoio da Fapesp. Teve início com um registro oral
Dedicado aos amigos e amigas de Caldas, especialmente para Fábio Ottoni, Philomena Ottoni e Olga Landi. Introdução Para situar melhor as reflexões desenvolvidas nesse artigo, permitam-me breve retrospecto. Morei por três anos, entre 2003 e 2005, em uma cidade com pouco mais de dez mil habitantes enquanto desenvolvia pesquisa de doutoramento 2 . Numa festa de aniversário desta cidade, por iniciativa de seus organizadores 3 , foi montada uma exposição de fotografias antigas. Esse episódio teve entre outros resultados a digitalização destas fotografias por um dos moradores envolvidos 4 , o que despertou meu interesse no sentido de fazer uma pesquisa que investisse no potencial desse material imagético. Tratei de propor, assim, um aprofundamento do conhecimento das fotografias da exposição no que diz respeito à identificação dos motivos enfocados e à reelaboração dos seus significados e usos possíveis na atualidade, inclusive em termos de sua preservação, junto aos seus guardadores. Este projeto foi submetido no primeiro edital da organização não governamental "Oportunidade" 5 , criada para o desenvolvimento de atividades culturais e de inclusão social. Contou, assim, com o apoio desta ONG em termos da divulgação do trabalho proposto e obteve apoio também do Centro Estadual de Educação Continuada e da Prefeitura Municipal. Esta disponibilizou cópias impressas para uso no projeto e o CESEC 6 disponibilizou espaços para as reuniões do grupo de trabalho formado 7 . Dessa maneira teve início pesquisa fotográfica e antropológica que seria interrompida, seis
Este artigo analisa a maneira como Margaret Mead concebeu e utilizou as imagens tomadas por Gregory Bateson em Bali (1936-1939) para desenvolver um estudo, quase dez anos depois, sobre o comportamento infantil balinês. Notam-se as limitações tanto da metodologia adotada por Mead quanto do bias político-ideológico que perpassou esse trabalho realizado durante a Guerra Fria. Tento discutir estas limitações tanto quanto sintetizar possibilidades de abordagem das imagens. Pranchas fotográficas foram selecionadas e reproduzidas para mostrar as diferentes perspectivas de abordagem das fotografias, nos trabalhos balineses e no Atlas do comportamento infantil, produzido pelo doutor Arnold Gesell.
This article analyses the manner how Margaret Mead conceived and utilized the pictures taken by Gregory Bateson in Bali (1936-1939) to develop her study, almost ten years later, about the balinese children behavior. There are some limitations in this balinese photographic study caused by methodology adopted, and by the political ideological bias that crossed her research realized during the "cold war" period as well. I try to discuss these limitations and to synthesize the approach's possibilities of the images. Photographic plates are selected and reproduced here to show different perspectives of their use, in Mead's balinese works and in the Atlas of infant behavior produced by the doctor Arnold Gesell
Com base em uma pesquisa desenvolvida junto ao Museu Antropológico Phoebe Hearst em 2020, propõem-se algumas considerações com vistas a refletir sobre a história da antropologia nos EUA e as transformações das perspectivas museais em vista dos povos nativos da California. A partir de análises sobre a formação de algumas coleções e textos do próprio sítio eletrônico do museu, busca-se apontar para as transformações ocorridas ao longo de sua história. Procura-se utilizar, nesse sentido, o trabalho de Ira Stuart Jacknis (1952–2021), pesquisador do Museu Phoebe Hearst desde 1991. A hipótese esboçada é de que as contradições e assimetrias inerentes ao trabalho antropológico se tornam potencialmente transformadoras, na medida em que coleções museais e arquivos contém dimensões reflexivas e sentidos dinâmicos, marcados pelas relações estabelecidas com diferentes gerações das comunidades representadas.
Esse texto procura levantar algumas questões sobre ética no trabalho antropológico a partir de pesquisas com imagens fotográficas coletadas numa cidade do interior da Paraíba. O objetivo é discutir a abordagem etnográfica e seu papel numa perspectiva de relações estabelecidas entre a universidade e a comunidade do entorno. A fotografia é então concebida como mediadora possível entre os saberes locais, marcados pela oralidade, e o conhecimento produzido no âmbito universitário, particularmente na área de antropologia visual. A coleta e elaboração de imagens pelo pesquisador é concebida, num segundo momento, como intervenção que gera por sua vez novos questionamentos éticos. Palavras chave: Fotografia. Memória. Ética. Oralidade. Antropologia Visual. Ethics, Orality and Photographic Research Abstract This paper presents questions about fieldwork ethics in an anthropological research with images collected in Rio Tinto, state of Paraíba, Brazil. The aim is to discuss the ethnographic approach and its role in the perspective of relations between the university and the surrounding community. The photograph is then conceived as a kind of mediator between local knowledge, marked by orality, and the knowledge produced in the university, particularly in the field of visual anthropology. The collection and processing of images is designed as an intervention by the researcher, which in turn generates new ethical questions. Keywords: Photography. Memory. Ethics. Orality. Visual Anthropology.
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