Recebido em 18/4/97; aceito em 1/9/98 PRAZIQUANTEL SYNTHESIS. This paper deals mainly with the synthesis of praziquantel, a powerful anti-helminthic used against schistosomiasis, an endemic disease which infest millions of people around the world.Keywords: praziquantel; anti-helminthic; schistosomiasis; syntheses.
ARTIGO
INTRODUÇÃOO praziquantel (1) é um anti-helmíntico utilizado no tratamento da esquistossomose, parasitose de grande importância médica e socio-econômica ao Brasil.A esquistossomose é, atualmente, endêmica em setenta e seis países, ocorrendo principalmente na Ásia, na África, na América do Sul e no Oriente Médio, infestando cerca de duzentos milhões de pessoas, e, ainda, seiscentos milhões correm o risco de contraí-la 1 .Esta parasitose teve origem nas bacias de dois importantes rios: o Nilo e o Yangtse. Os ovos do gênero Shistosoma, agente etiológico da esquistossomose, já foram encontrados nas vísceras de múmias egípcias 1,2 . Esta helmintose espalhou-se por todo o continente africano e, através do tráfico de escravos, foi trazida para as Américas. Entretanto, apenas o S. mansoni aqui se fixou, seguramente pelo encontro de bons hospedeiros intermediários e de condições ambientais semelhantes às da região de orígem 3,4 .A esquistossomose penetrou no Brasil em meados do século XVI, disseminando-se a partir de 1920, com o início das migrações internas. Atualmente, o Brasil é considerado uma das principais áreas de distribuição da doença no mundo, não somente devido à vastidão de sua zona endêmica e à existência de grande número de pacientes portadores de formas graves da doença, mas também pela expansão desta endemia para outras áreas do país, até então indenes 5,6 . A transmissão da esquistossomose no Brasil é ativa em 16 estados, atingindo principalmente a região compreendida entre a Paraíba, a Bahia e Minas Gerais, infestando cerca de 10 milhões de brasileiros, incluindo as regiões endêmicas e focos isolados 4 . O tratamento medicamentoso da esquistossomose sempre foi limitado, pela dificuldade de serem encontrados quimioterápi-cos que exibissem alta eficácia e grande tolerabilidade 4,5 . No início, foram utilizados o tartarato de potássio e antimônio, tártaro emético, introduzido em 1918, seguido pelo dimercaptossuccinato de sódio e antimônio e o di-(pirocatecol-2,4-dissulfonato) de sódio e antimônio, conhecido como estibofeno 6,7 . Os derivados antimoniais, apesar de atuarem com eficá-cia contra as três principais espécies do gênero Shistosoma, o S. mansoni, o S. haematobium e o S. japonicum, deixaram de ser usados no tratamento desta helmintose, por ocasionarem inúmeros efeitos colaterais, como a trombocitopenia e outras discrasias sanguíneas 6 . Posteriormente, foram utilizados o cloridrato de 1-N-bdietil-amino-etil-amino-4-metil-9-tioxantona, a lucantona, e seu metabólito principal, o 1-N-b-dietil-amino-etil-amino-4-(hidroximetil)-9-tioxantona, a hicantona, que são eficazes, especificamente, contra o S. mansoni e o S. haematobium e também o fármaco 1-(5-nitro-2-tiazolil)imidazolidina-2-ona,...