Resumo No final da década de 1960, pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) iniciaram as coletas botânicas na Serra dos Carajás, resultando em um expressivo acervo e interessantes descobertas sobre a flora local, marcada por endemismos e pressão por atividades mineradoras. Em 2014, foi estabelecido o projeto "Flora das cangas da Serra dos Carajás" através da cooperação entre o MPEG e o Instituto Tecnológico Vale de Desenvolvimento Sustentável (ITVDS), visando especialmente a elaboração da flora das cangas da FLONA Carajás. Um acervo de cerca de quinze mil exsicatas, depositadas principalmente nos herbários MG e BHCB além de HCJS, INPA, IAN, NY e RB constitui a base para o desenvolvimento da flora. Até o momento, a flora inclui 151 famílias de angiospermas, gimnospermas, licófitas e samambaias e briófitas (musgos e hepáticas). Neste trabalho apresentamos um breve histórico dos estudos botânicos na região, caracterização da área de estudo, e procedimentos metodológicos adotados no desenvolvimento do projeto. Também, constitui a introdução para o volume 1 da Flora das cangas de Carajás composto por 55 famílias, sendo quatro de briófitas, duas de licófitas, oito de samambaias, uma de gimnospermas e 40 de angiospermas, incluindo 139 gêneros e 248 espécies.
Resumo: Na Amazônia brasileira, as restingas ocupam uma área de aproximadamente 1.000 km 2 , correspondendo a menos de 0,1% dos demais tipos de vegetação ocorrentes na região. O presente estudo tem por objetivo caracterizar as restingas dos estados do Pará e Amapá, com base em informações florísticas (incluindo o primeiro checklist para a Amazônia), fisionômicas e geomorfológicas, e estabelecer uma classificação de padrões de ocorrência deste tipo de vegetação litorânea na costa amazônica. Para tal, foram investigadas dez áreas de ocorrência de restinga ao longo dos litorais do Pará e Amapá. O checklist compreende um total de 365 espécies, 237 gêneros e 89 famílias, com respectivas indicações de forma de vida, nome popular, comunidade vegetal de ocorrência e localidades de coleta. Foram reconhecidas três feições de ocorrência deste tipo de vegetação: (1) feição embrionária ou de estabelecimento; (2) feição intermediária ou de transição e (3) feição de consolidação. A vegetação de restinga não está protegida em nenhuma unidade de conservação de proteção integral na Amazônia, sendo necessário incluí-la, visto a frágil e específica flora associada, com ameaça de extinção local de algumas espécies, caso mantido o atual nível de agressão em curso.
As investigações sobre a morfologia de plântulas, antes do surgimento dos metafilos, têm demonstrado rico potencial para estudos sistemáticos, inclusive testando a monofilia de gêneros de Leguminosae. Além disso, proporcionam a descoberta de estruturas transitórias, basais ou derivadas, que podem estabelecer conexões nem sempre ocorrentes no indivíduo adulto. A natureza dos cotilédones, de reserva ou folíaceos, é uma das principais características das leguminosae. O tipo de germinação constitui um dos caracteres mais relevantes para diferenciar suas espécies, assim como a forma do limbo, da margem, do ápice, posição dos eofilos, presença ou ausência de látex ou resina, relação comprimento/largura dos cotilédones, tamanho e número de pinas, pecíolo alado ou não, que permitem caracterizar famílias, gêneros e até mesmo espécies. Em Leguminosae, a morfologia de plântulas corrobora a identificação das plantas no campo e ainda fornece subsídios para delimitações genéricas e infragenéricas na família. De uma maneira geral as plântulas de Caesalpinioideae e Mimosoideae são epígeas, com cotilédones foliáceos; em Papilionoideae predominam plântulas hipógeas com cotilédones de reserva e extremamente variadas em termos morfológicos, principalmente nas tribos com espécies lenhosas.
-(The coastal restinga vegetation of Pará, Brazilian Amazon: a synthesis) The present article reviews studies (some unpublished) of the vegetation of coastal sandy soils (restinga) along the coast of Pará State, northern Brazil. A total of 411 higher plant species are reported; Fabaceae, Poaceae, Cyperaceae, Rubiaceae and Myrtaceae are the most species-rich families. Nearly half of the restinga species (48%) are terrestrial herbs; palms, trees and shrubs account for 39% of the species, the remainder being lianas and epiphytes. Species are frequently wide-spread and occur in coastal areas of Southeastern Brazil as well as at inland sites in the Amazon region. Only two species appear to be exclusively coastal; whereas other species appear to exhibit a preference for sandy soils. Plant assemblages are commonly classified by means of "formations" associated with certain habitats but current data do not allow the description of well-defined plant associations. The species composition at different sites along the Pará coast does not show any clear regional grouping pattern. Seasonal changes in the composition of restinga vegetation are most probably linked to variation in ground water level. Restinga forest is mostly low and open; among the dominant tree species are Humiria balsamifera Aubl., Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk., Anacardium occidentale L., Byrsonima crassifolia (L.) Kunth, and Tapirira guianensis Aubl.Key words -coastal forest, dune vegetation, sandy coastal plain RESUMO -(Vegetação de restinga do Estado do Pará, Amazônia Brasileira: uma síntese). Este artigo apresenta uma revisão dos estudos (alguns não publicados) da vegetação de restinga da costa do Estado do Pará, na região norte do Brasil. Ao todo foram registradas 411 espécies de plantas vasculares, sendo as famílias Fabaceae, Poaceae, Cyperaceae, Rubiaceae e Myrtaceae as mais ricas em espécies. Dentre as espécies da restinga, 48% são ervas terrestres, 39% são palmeiras, árvores e arbustos, sendo o restante constituído por lianas e epífitas. As espécies são amplamente distribuídas ocorrendo inclusive em ambientes costeiros de outras regiões brasileiras, como a região sudeste, assim como em ambientes não costeiros da Amazônia. Apenas duas espécies parecem ser exclusivamente costeiras, já outras espécies parecem ter preferência por ambientes de solo arenoso em geral. Diferentes associações de plantas são descritas e agrupadas em diferentes tipos de "formações vegetais" associadas à certos habitats, mas os dados da literatura não permitem identificar com precisão tais associações em toda a costa. Análises estatísticas mostraram que a distribuição das espécies ao longo da costa não apresentam nenhum padrão de agrupamento. Mudanças na composição da vegetação de restinga nas estações seca e chuvosa são mais provavelmente ligadas à variação do nível do lençol freático. As florestas de restinga são, em sua maioria, abertas e de pequeno porte. Entre as espécies arbóreas dominantes estão: Humiria balsamifera Aubl., Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk.,...
Vanilla labellopapillata, here described and illustrated, is a new species from the floodplain forest of Caxiuanã National Forest, situated in the northeastern Brazilian Amazon. The new species has consistent morphological features that support its inclusion in the Vanilla planifolia group. Vanilla labellopapillata is morphologically similar to V. insignis and V. odorata and diagnostic characters for separating it from the two species are given. A key to the Vanilla planifolia group is provided. Another species, V. cribbiana, recently described from Mexico and Central America is recorded for the first time in Brazil. Based on the examination of type material of Vanilla, we also propose the lectotipification of V. trigonocarpa and V. duckei.
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