Neste artigo são examinadas certas correlações entre o consumo de energia e o estágio de desenvolvimento de uma sociedade, seus costumes e o grau de industrialização do país em que vive. Até as últimas décadas do século passado, pensava-se que "sociedades mais evoluídas consomem necessariamente mais energia". Este pensamento ficou tão arraigado que chegava-se ao ponto de considerar que energia era um fim em si mesma e, por vezes, os cenários de alto consumo de energia eram chamados de "cenários otimistas", quando, na verdade, deveria ser o oposto, pois é evidente que, além de implicarem maiores agressões ao meio ambiente, tais cenários exigirão grandes sacrifícios da sociedade. É certo que o desenvolvimento das sociedades ainda subdesenvolvidas requer um consumo de energia crescente em termos per capita; entretanto, uma vez alcançado uma razoável qualide de vida, esse consumo pode estabilizar-se num estado estacionário.
Apresenta-se uma definição de sustentabilidade baseada na segunda lei da termodinâmica e mostra-se que, a partir essa definição, é possível desatrelar o crescimento econômico do uso dos recursos naturais, a fim de evitar que as forças do mercado se oponham a uma reestruturação do setor energético que tenha o objetivo de passar da atual matriz energética, que é insustentável, para uma que o sejausando apenas as fontes renováveis de energia de que o Brasil dispõe. A transição da matriz insustentável para uma sustentável implicará uma crescente racionalização do consumo, paralelamente ao emprego de energias renováveis e à redução do emprego de fontes não renováveis, tais como o petróleo e o gás natural. A partir de meados do presente século, a adaptação dos padrões de consumo e o desenvolvimento tecnológico permitirão que o emprego de fontes renováveis vá deslocando mais rapidamente as fontes não-renováveis, levando-as a uma posição tendente à anulação até o fim do século. No corpo da tese discute-se o emprego do princípio da precaução no planejamento energético e demonstra-se que o Brasil tem condições para se tornar praticamente independente de fontes não-renováveis de energia.
Este artigo repassa a história e descreve a experiência acumulada em energia nuclear no Brasil, mostrando que as aplicações biomédicas, industriais e agrícolas desenvolveram-se bem no país, a partir dos anos 1950. Em seguida, o artigo demonstra que o país pode cobrir seu consumo de energia elétrica apenas com fontes renováveis de energia, sem recorrer a usinas nucleares de potência. Por fim, são analisados os argumentos comuns na imprensa, a favor e contrários às centrais nucleares, e são discutidos alguns aspectos comerciais e políticos do problema. São também examinadas as estratégias de vendas da indústria nuclear no Brasil. This article reviews the history and describes the experience on nuclear energy in Brazil, showing that nuclear technology applied to biomedical sciences, industry and agriculture has been largely developed in this country, from the year 1950 on. Then the paper shows that Brazil can cover its electricity consumption with only renewable energy sources, without nuclear power plants. Finally the arguments usually employed in the press, pro and against nuclear power plants are analyzed and some commercial and political aspects of the problem are commented. The sales strategy of the nuclear industry in Brazil is also commented
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