Resumo: o artigo situa a decolonialidade como projeto que teve origem simultânea ao início do sistema-mundo moderno/colonial, sendo que este organiza diferenças e desigualdades entre povos a partir da ideia de raça. O artigo destaca como característica distintiva do projeto decolonial a produção do conhecimento e as narrativas a partir de loci geopolíticos e corpos-políticos de enunciação. Entre esses loci de enunciação chamamos a atenção para o conhecimento produzido a partir de uma perspectiva negra das Américas e Caribe.Palavras-chave: decolonialidade, perspectiva negra, loci de enunciação, sistema-mundo moderno/colonial. E m alusão ao artigo publicado por Stuart Hall (2003), quando este se pergunta sobre "quando foi o pós-colonial", perguntamo-nos quando foi o decolonial? Em resposta à sua pergunta, Hall secundariza a tentativa de uma explicação temporal em favor de uma explicação que enxerga o pós-colonial como uma abordagem crítica que se propõe a superar a crise de compreensão produzida pela incapacidade de antigas teorias e categorias de explicar o mundo. O "pós" do pós-colonial não significa que os efeitos do domínio colonial foram suspensos no momento em que concluiu o domínio territorial sob uma colônia. Ao contrário, os conflitos de poder e os regimes de poder-saber continuaram e continuam nas chamadas nações pós-coloniais. Diante disso, na resposta de Hall, o que será distintivo no pós-colonialismo será a capacidade de fazer uma releitura da colonização, bem como o tempo presente a partir de uma escrita descentrada, da diáspora; ou ainda global, das grandes narrativas imperiais do passado, que estiveram centradas na nação (Hall, 2003: 109).Mesmo que Stuart Hall secundarize a dimensão temporal da emergência do pós--colonial, é possível afirmarmos que o pós-colonialismo como termo originou-se nas discussões sobre a decolonização de colônias africanas e asiáticas depois da Segunda Guerra Mundial (Coronil, 2008), tendo sido produzido, principalmente, por intelectuais do Terceiro Mundo que estavam radicados nos departamentos de estudos culturais, de língua inglesa, antropologia das universidades inglesas e posteriormente das universidades norte-americanas. A consequência mais óbvia disso foi o fato de o pós-colonialismo ter uma língua de nascença, o inglês, e ter também um espaço de circulação, o mundo anglofônico.
Resumo: No momento em que se discute a ampliação de direitos das trabalhadoras domésticas no Brasil, este artigo traz para o centro das discussões o protagonismo das organizações políticas das trabalhadoras domésticas. Baseado em entrevistas realizadas com trabalhadoras domésticas, o artigo busca compreender as razões das desigualdades sociais que incidem sobre esta categoria profissional. Para tanto, argumenta-se que a colonialidade do poder e a interseccionalidade de gê-nero, classe e raça são fatores estruturais e dinâmicos capazes de explicar tal fenômeno. Por outro lado, argumenta-se também que as trabalhadoras domésticas, ao longo da história, têm articulado um movimento social em diálogo com os movimentos negros, sindicais e feministas e outros atores sociais que permite apresentarem um projeto decolonial. A este diálogo e articulação com movimentos classista-sindicais, movimentos negros e movimentos feminista dá-se o nome de interseccionalidade emancipadora. O artigo conclui constatando que a cada avanço legal desta categoria profissional o movimento político organizado das trabalhadoras doméstica tem estado presente.Palavras-chave: trabalho doméstico, colonialidade, interseccionalidade, classe, raça, gênero. IntroduçãoO trabalho doméstico no Brasil é emblemático. Classe, raça, gênero, entre outras dimensões da vida social, interagem na geração de desigualdades persistentes. Em que pese algumas importantes modificações ao longo dos últimos anos, tais como redução do trabalho doméstico infantil, diminuição do nú-mero de trabalhadoras domésticas que dormem no domicílio, envelhecimento da categoria profissional, menor entrada de jovens até 29 anos nesta ocupação etc., o trabalho doméstico ainda continua sendo uma importante categoria ocupacional para milhares de mulheres, especialmente mulheres negras.A categoria profissional dos trabalhadores domésticos empregava, em 2009, 7,2 milhões de pessoas, das quais 93% (ou 6,7 milhões) eram mulheres. Dessas, 61,6% eram negras e 38,4% brancas. A sobrerrepresentação de trabalhadoras domésticas negras torna-se mais evidente quando se percebe que, para cada conjunto de 100 mulheres brancas ocupadas, 12 são trabalhadoras domésticas, enquanto para cada
Resumo: Baseado nas contribuições dos teóricos da decolonialidade e em diálogo com a tradição dos estudos do Atlântico Negro, o artigo, em busca de uma justiça cognitiva, propõe um diálogo horizontal e equitativo entre estas correntes do pensamento político-acadêmico e os intelectuais negros brasileiros. Para o desenvolvimento deste argumento, radicalizamos o compromisso do projeto decolonial com a corpo-geopolítica do conhecimento, bem como propomos uma maior ênfase nas raízes, mais do que nas rotas, dos estudos sobre o Atlântico Negro. Esta afirmação da corpo-geopolítica do conhecimento e das raízes é a chave tanto para a afirmação ontológica e epistemológica das populações negras quanto para construirmos um diálogo pluriversal e transmoderno, no qual as experiências particulares não se percam nem num provincianismo nem num universo abstrato.Palavras-chave: decolonialidade; Atlântico Negro; intelectuais negros brasileiros. IntroduçãoE ste artigo tem por objetivo propor um diálogo horizontal e simétrico entre as teorias da decolonialidade, a tradição do Atlântico Negro e a produção de intelectuais negros brasileiros. Por um lado, o artigo busca chamar a atenção para o projeto político, ético e epistemológico do projeto decolonial e sua relação com a resistência e a luta por reexistência da população negra, ao mesmo tempo que reconhece a necessidade de ampliar o diálogo entre o giro decolonial e a busca de emancipação da população negra. Por outro lado, ao reconhecer a importância da tradição dos estudos sobre o Atlântico Negro, o artigo chama a atenção sobre os motivos da ausência de intelectuais negros brasileiros nesta tradição.Neste sentido, podemos dizer que o artigo chama a atenção para o risco de um duplo apagamento ou dupla invisibilidade seja nas contribuições dos teóricos da decolonialidade, seja nos estudos sobre o Atlântico Negro. A fim de evitarmos isto, buscamos radicalizar a tese da corpo-geopolítica do conhecimento, presente no coração do projeto decolonial, e buscamos enfatizar a importância das raízes (roots) nos estudos do Atlântico Negro. Com base nestas duas ideias -corpo-geopolítica do conhecimento e raízes -podemos afirmar não somente ontológica, mas
Baseado nas contribuições de Frantz Fanon, este artigo demonstra que ocolonialismo, mediante o racismo, produz uma divisão maniqueísta do mundo entrea zona do ser e a zona do não-ser. Argumenta que os sujeitos coloniais, em geral, e osnegros,em particular, habitam a zona do não-ser e, por isso, são invisibilizados peloolhar imperial. Diante disto, restará ao negro tornar visível sua existência por meioda afirmação de sua identidade e de seu corpo. Concluímos que a afirmação do corpopermite a elaboração do conhecimento a partir de uma localização particular, assimcomo permite reinventar um projeto político humanista.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
customersupport@researchsolutions.com
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.
Copyright © 2025 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.