A poluição de ecossistemas aquáticos com mercúrio é um desafio ambiental dos mais relevantes, devido à sua toxicidade, estabilidade e persistência no ambiente. Na Bacia Amazônica, o rejeito de mercúrio proveniente de operações de mineração e pela lixiviação de solos após desflorestamentos, constitui a maior contribuição para a contaminação no meio aquático. Ao ser realizada uma prospecção científica nas bases Scielo e PubMed, sobre biomonitoramento de mercúrio na Amazônia, nos últimos 20 anos, foi encontrado um total de 61 artigos, verificando-se um aumento gradual no número de publicações no período amostrado, além da maior produção ser creditada ao Brasil (55 artigos). Na maioria dos estudos sobre bioacumulação e biomagnificação de mercúrio na Amazônia, espécies de peixes se destacam como bioindicadores, embora alguns anfíbios, répteis e até cetáceos já tenham sido usados nesse papel. A forma orgânica metilmercúrio, por conta de sua lipossolubilidade, é a que mais se acumula nos seres vivos. Os efeitos mutagênicos de mercúrio e seus compostos organomercuriais afetam particularmente a tubulina, interferindo nas fibras do fuso e, consequentemente, na divisão celular, com atraso no movimento anafásico e na divisão centromérica e também podem levar a anomalias cromossômicas como as poliploidias. Compostos de mercúrio também induzem a um colapso geral dos mecanismos antioxidantes na célula através da ligação a grupos sulfidrila da enzima glutationa peroxidase. Os resultados desse colapso são a produção de radicais livres, que podem causar dano permanente ao DNA e favorecem a peroxidação de lipídios, seguida da perda de integridade da membrana e, finalmente, necrose celular. O sistema nervoso central é o alvo principal do metilmercúrio, onde afeta, principalmente, áreas específicas do cérebro e cerebelo. Os testes de genotoxicidade são capazes de detectar mutações nas células expostas ao mercúrio e os mais utilizados são o teste do micronúcleo e o ensaio cometa. Alguns agentes protetores contra a ação de compostos mercuriais vêm sendo testados, com destaque para extratos vegetais, o selênio e o hormônio prolactina.
INTRODUÇÃO: a contaminação por metais pesados é preocupante, uma vez que são altamente tóxicos e podem induzir danos no DNA. Metais como o mercúrio (Hg), pelo fato de não serem biodegradáveis, acumulam-se nos organismos e ao longo das cadeias alimentares. O hormônio prolactina (PRL) é uma proteína produzida e secretada principalmente pela hipófise, cuja função melhor conhecida é a lactação, apesar de possuir mais de 300 atividades biológicas. A maioria das comunidades ribeirinhas apresenta elevado consumo de peixes na dieta, aumentando, o risco de exposição a metais pesados em áreas poluídas, o que justifica o estudo sobre a PRL. OBJETIVO: investigar in vivo o potencial protetor da PRL contra a ação tóxica do metilmercúrio (MeHg) em Geophagus brasiliensis (peixe acará) através do teste do micronúcleo e análises bioquímicas de catalase (CAT) e glutationa peroxidase (GPx). METODOLOGIA: os peixes foram divididos em 3 grupos: 1) NC: Controle Negativo (n=6); 2) MeHg a 0,5 mg/L (n=6); e 3) MeHg a 0,5 mg/L e PRL a 250 µg/kg de 12h/12h (n=6) (a PRL foi administrada por injeção intraperitoneal). Todas as análises bioquímicas foram realizadas através de espectrofotometria. O tratamento durou 5 dias e a contaminação foi por via hídrica. RESULTADOS: foi verificado aumento altamente significativo (p<0,001) na formação de micronúcleos (MN) e anormalidades nucleares eritrocitárias (ENA) no grupo MeHg em relação ao NC, mas quando administrada a PRL, a frequência de MN e de ENA foi reduzida (a frequência de MN foi reduzida para os mesmos níveis do NC). A CAT sofreu redução altamente significativa (p<0,001) nos grupos testados em relação ao NC. A GPx mostrou elevação muito significativa (p<0,01) no grupo MeHg em relação ao NC; e no grupo MeHg/PRL houve diminuição significativa. CONCLUSÃO: a PRL apresentou efeitos protetores, trata-se do primeiro estudo do efeito protetor da PRL contra a mutagenicidade de Hg em peixes e sugerirmos a perspectiva da suplementação de PRL sendo eficaz em proteger humanos expostos ao Hg.
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