O presente artigo traz resultados referentes à dinâmica geomorfológica de São José dos Ausentes (RS) no Quaternário tardio, através de registros estratigráficos em paleofundo de vale de baixa ordem hierárquica colmatado. Para o referido estudo, adotou-se, conjuntamente, os critérios lito-, pedo-, alo- e cronoestratigráfico na seção estratigráfica representativa de seus materiais, bem como análises de isótopo estáveis do carbono e fitolítica. Estabeleceu-se a geocronologia pelos métodos de luminescência oticamente estimulada e 14C. A arquitetura da seção estratigráfica revelou três sequências coluviais, respectivamente do topo para a base: sequência coluvial superior pedogenizada, sequência coluvial intermediária e sequência coluvial basal; e uma sequência pedogenética hidromórfica, que se refere ao paleossolo hidromórfico localizado na base da seção. Ao todo foram individualizados 27 níveis pedoestratigráficos além da alterita de riolito. Constatou-se que durante o Último Interestadial (> 25.000 anos AP) a paisagem esteve em equilíbrio dinâmico, com dominante atuação da pedogênese, sob condições paleoambientais similares à moderna. Posterior a esse período houve a atuação da morfogênese atuando de maneira contínua, gerada pela intercalação entre, movimento de massa e escoamento superficial. O movimento de massa foi responsável pela sedimentação do fundo de vale. A partir de 19.150 anos AP a sedimentação perdeu intensidade e passou a predominar a erosão, como se observa através de incisão erosiva linear (paleovoçoroca) que truncou o material coluvial da seção estratigráfica. Após essa fase de erosão mecânica, a morfogênese retorna a registrar sedimentação comandada pelo escoamento superficial. A partir de 4.860 anos AP a morfogênese continuou atuando, dando origem à sequência coluvial superior, porém perdeu vigor favorecendo a melanização dos materiais propiciando a formação de epipedon, bem como deixou na paisagem uma morfologia similar à encosta suavemente inclinada para o eixo de baixa ordem hierárquica moderna. Diante do quadro evolutivo do paleofundo de vale entende-se que os fenômenos de pedogênese e morfogênese registrados expressam a dinâmica pela qual passou a paisagem geomorfológica de São José dos Ausentes (RS).
Este artigo exibe resultados da determinação micromorfológica e mineralógica de materiais coluviais em paleofundo de vale na superfície de São José dos Ausentes (RS). A análise micromorfológica teve por objetivo verificar paleoprocessos pedogenéticos dos materiais fontes de colúvios, processos sedimentares e transformações pós-deposicionais. Já a mineralogia foi realizada para verificar os produtos do intemperismo dos materiais fontes dos colúvios, possibilitando tecer considerações a respeito da área fonte, do grau de retrabalhamento do material e do estágio de evolução intempérica. A micromorfologia mostrou similaridade entre os horizontes coluviais, sugerindo assim, se tratarem de materiais oriundos na mesma fonte e fase pedogenética. O processo de sedimentação coluvial misturou níveis pedológicos da área fonte com diferentes graus de pedogênese/intemperismo, data a presença de fragmentos líticos e nodulações, dentre outras microfeições. A descrição mineralógica mostrou que há presença de minerais primários relativamente resistentes ao intemperismo, juntamente com minerais menos resistentes ao intemperismo, sugerindo assim como hipótese duas situações da dinâmica entre pedogênese e morfogênese na área fonte dos sedimentos: o material fonte deriva de solo pouco evoluído do ponto de vista pedogeoquímico, ou houve contínua remoção até os níveis do saprolito, ou ambas as situações.
RESUMOÉ apresentado resultados da aplicação de descrições pedoestratigráficas, análise micromorfológica e estabelecimento de geocronologia de registros estratigráficos em fundo de vale de segunda ordem colmatado, no médio vale do rio Marrecas (Sul do Brasil). Os resultados visaram verificar se os processos de pedogênese e morfogênese detectados na superfície geomórfica 2 (S2) se estenderam para oeste em superfícies geomórficas regionais entre os estados do Paraná e Santa Catarina. Constata-se que tais processos no médio vale do rio Marrecas estão em conformidade com outros reconhecidos em escala regional no Planalto das Araucárias, no que se refere ao período entre o Último Interestadial e o Último Máximo Glacial, enquanto que fatos sugeridos como ocorridos no Holoceno necessitam melhor compreensão. Palavras-chave: paleocanal, paleossolo, colúvio, pedoestratigrafia. ABSTRACTIt is presented results of the application of pedostratigrafic descriptions, micromorphological analysis and establishment of geochronology of stratigraphic records from valley bottom of second order clogged in the middle valley of the river Marrecas (Southern Brazil).The results targeted to verify if the pedogenesis and morphogenesis processes detected in surface geomorphic 2 (S2) extended west regional geomorphic surfaces between the states of Parana and Santa Catarina.It is observed that the such processes in the middle valley of Marrecas river are in line with other recognized at the regional level in the Araucária Plato, as regards the period between the Last Interstadial and the Last Glacial Maximum, while suggested facts as occurred in the Holocene require better understanding.
Em escala regional, o estudo da morfologia dos vales e sua evolução de longo-termo frente a ação de diferentes condicionantes ativos e passivos ainda é questão aberta no Planalto Vulcânico Sul-Rio-Grandense (PVSRG). Assim, no presente estudo foram empregados parâmetros morfométricos do gradiente dos canais e o ks(n) visando identificar diferenças na morfologia e dinâmica erosiva de longo-termo nessa área. Os resultados mostram que, rio drenando rochas ácidas e intermediárias, das formações Chapecó e Caxias apresentam gradiente acima de 0,013 e maior densidade de knickpoints (mais de 0,05 knickpoints por km de drenagem). Da mesma forma, os valores mais elevados de ks(n), acima de 17,9, ocorrem em vales sobre rochas ácidas. Por sua vez, vales instalados sobre rochas básicas e intermediárias, das formações Gramado, Esmeralda, Várzea do Cedro, Paranapanema e Alegrete são mais planos, com gradiente abaixo de 0,010 e menos de 0,03 knickpoints por km de drenagem, refletindo em valores médios de ks(n) inferiores a 11,9. Portanto, a aplicação de índices morfométricos tornou possível identificar diferenças entre os cursos d’água no PVSRG de acordo com as características litoestruturais do embasamento local de modo rápido, eficiente e de baixo custo.
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