Este trabalho resgata as contribuições de José Carlos Mariátegui para propor uma análise crítica da psicologia brasileira. Apresentamos uma síntese do estatuto teórico-metodológico do peruano: sua dialética romântico-realista; a centralidade e consubstancialidade da questão indígena e da terra; e o socialismo indo-americano. Sinalizamos caminhos para se abrasileirar a psicologia brasileira, construindo um saber-fazer psi atento à totalidade e comprometido com as maiorias populares. Constatamos que a investigação crítica dos processos formativos do Brasil viabiliza uma compreensão ampliada da concretude na/pela qual seus sujeitos se forjam, impulsionando crítica e transformação na/da psicologia.

A pandemia de Covid-19 impôs diversas mudanças à organização do trabalho e à educação. A implementação do ensino remoto na educação básica transformou a rotina dos professores, que passaram a ter suas casas como ambiente de trabalho, caracterizando um contexto que ao mesmo tempo inibe e exige a criatividade, aqui compreendida como o movimento de trazer à tona algo novo e útil. O presente artigo tem como objetivo investigar, luz da abordagem sociocultural, as compreensões de professores da educação básica sobre o desenvolvimento e expressão de suas capacidades criativas no contexto do ensino remoto adotado durante a pandemia de Covid-19. Foram realizada entrevistas semiestruturadas com quatro educadoras, que também responderam a questionários sociodemográficos. Os dados foram submetidos a uma análise temática indutiva e o resultados indicaram  a primazia do caráter colaborativo da criatividade e os benefícios gerados entre professores e crianças. Conclui-se que o novo e o apropriado, no contexto pesquisado, refere-se à construção conjunta de atividades que sejam atrativas e significativas para as crianças, de forma que promovam aprendizagem, desenvolvimento e expressão de criatividade a partir do seu protagonismo.