Phaneropterinae é uma subfamília de Tettigoniidae que possui 2.566 espécies distribuidas por todo o mundo. Nesta subfamília, inserido no grupo de sete gêneros denominado Aniarae, está Hyperophora, que possui 15 espécies distribuídas na América do Sul. Dessas, apenas Hyperophora augustipennis foi analisada citogeneticamente, apresentando 2n?=31 acrocêntricos, com sistema cromossômico sexual (SCS) do tipo X0?/XX?, que são as características mais comuns para Phaneropterinae. Este trabalho teve como objetivo analisar duas espécies de Hyperophora encontradas em Mato Grosso do Sul. As gônadas de machos e fêmeas foram submetidas à colchicina (0,16%, 2 h.), hipotonizadas (água de torneira, 15 min.) e fixadas em Carnoy I. As células em suspensão foram obtidas pela dissociação do órgão em ácido acético 60% sobre lâminas, com secagem em placa aquecedora. Algumas lâminas foram coradas com Giemsa (3%) e outras foram submetidas técnica de hibridação in situ fluorescente (FISH) com sonda telomérica de invertebrados (TTAGG)n. Nos três machos e uma fêmea de Hyperophora sp.1, coletados na Fazenda Sossego, município de Campo Grande, foram analisadas 58 células em divisão, que revelaram 2n?=31 e 2n?=32 nas metáfases mitóticas, o mesmo número já descrito para o gênero e o mais comum para a subfamília. Já as 98 células analisadas de dois machos e uma fêmea de Hyperophora sp.2, coletados na Base de Estudos do Pantanal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (BEP), município de Corumbá, mostraram 2n?=29 e 2n?=30 nas metáfases mitóticas. Ambas as espécies exibiram morfologia cromossômica acro/telocêntrica em todo o cariótipo. O cromossomo sexual X é o maior elemento do complemento. Diplótenos dos machos com 14 bivalentes e um univalente permitiram a confirmação do SCS do tipo X0?/XX?, devido ao fácil reconhecimento do univalente X pelo seu tamanho. A FISH telomérica revelou marcações apenas na extremidade de todos os cromossomos, sem sítios teloméricos intersticiais, indicativo de que a redução em um par cromossômico nesta espécie pode ter sido um evento evolutivo antigo. Fusão in tandem tem sido proposto como o mecanismo envolvido na origem do cariótipo 2n?=29,X0, encontrado em algumas espécies de Phanetopterinae, inclusive do Brasil, a partir do cariótipo 2n?=31,X0, supostamente plesiomórfico para a subfamília.