Tendo como empiria os quatro livros aprovados para a Educação Infantil pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD/2019), entendidos como textos e discursos curriculares, o estudo problematiza esses manuais enquanto artefatos pedagógicos, que produzem a docência e as docentes de creche e pré-escola. Tendo como inspiração teórica os estudos sobre os modos de subjetivação e o conceito de discurso do filósofo francês Michel Foucault, o artigo focaliza a materialidade discursiva desses manuais evidenciando suas funções enunciativas na subjetivação das docentes e na normalização da conduta docente a ser desenvolvida com as crianças. Para isso, atentou-se ao vocabulário e às ilustrações utilizadas, visto que tais elementos contribuem para dar efeito de verdade ao discurso divulgado nos referidos manuais didáticos. As formações discursivas que constituem esses manuais exaltam a dedicação e entrega completa das professoras à profissão e às crianças. Propõem, sobretudo, uma relação das professoras consigo mesmas, a partir de tecnologias de si (como a reflexão, a autoavaliação e a escrita de si), que as impelem a agir sobre si, sobre o seu corpo, sobre suas emoções e sobre a sua conduta. O estudo conclui que o sentido dos livros didáticos não se encerra em sua própria estrutura, pois ao mesmo tempo em que se apropriam das políticas curriculares, também as definem por meio de discursos e saberes/poderes que trazem consigo.
O artigo investiga, do ponto vista da Teoria Política do Discurso, de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe, as articulações discursivas de diferentes agentes e organizações que, no Brasil, disputaram hegemonia em torno da profissionalidade docente para a Educação Infantil no contexto de produção das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil – DCNEI (BRASIL, 2009) e da Base Nacional Comum Curricular para a Educação Infantil – BNCC/EI (BRASIL, 2018). Como estratégia de pesquisa, manejou-se com formações discursivas, fazendo emergir as contingencialidades que possibilitaram a constituição de certos discursos frente a um exterior antagônico. Argumenta-se que múltiplas formações discursivas acerca da infância, do ser e do agir docentes, deixaram rastros nesses documentos, ressaltando-se a precariedade dos sentidos que se estabilizaram, sendo, portanto, impossível a fixação de um sentido específico e último dessa docência e sua formação profissional, pela existência de outros enunciados que disputam a hegemonia, ameaçam e se antagonizam nos processos políticos. Aposta-se na descentralização dos sujeitos. Crianças e professoras de Educação Infantil existem através das relações que estabelecem entre si, sempre em contextos particulares. As identificações são construídas e reconstruídas em contextos específicos, mutáveis. Constituem-se em processos híbridos e justapostos, construídos de maneira dinâmica e fluida. Estudar as políticas curriculares a partir desse enfoque discursivo possibilitou deslocamentos de articulações de sentidos e a reconfiguração de modos instituídos de docência, desestabilizando estruturas tidas como estáveis.
O artigo debate a formação de professoras para a Educação Infantil pelo curso de Pedagogia, pós Resolução do CNE/CP nº1/2006, que fixou as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso. Tem como fontes, além da legislação curricular, os Projetos Políticos Pedagógicos e matrizes curriculares dos cursos de Pedagogia presenciais de sete universidades públicas do estado do Rio Grande do Sul, entendidos como discursos e políticas culturais e curriculares. Fundamenta-se na literatura do campo da educação infantil e da formação de professores e utiliza aportes da Teoria do Discurso de Ernesto Laclau & Chantal Mouffe. Conclui que os cursos pesquisados apresentam uma formação generalista e não contemplam o perfil do profissional docente qualificado, esperado pelas DCNEI, para atuar na Educação Infantil, especialmente, com crianças de 0 a 3 anos.
Este trabalho é fruto de uma pesquisa que procurou analisar as práticas de atendimento às crianças de zero a três anos que constituíram possibilidades para a emergência da creche em Rio Grande/RS. O presente artigo foi desenvolvido a partir de aproximações com os estudos foucaultianos e visou analisar como o atendimento extradomiciliar destinado à pequena infância foi sendo configurado como uma medida de intervenção para minimizar riscos sociais. O estudo realiza análise documental de quatro instituições rio-grandinas, delineadas no século XX. No decorrer da análise, destaca os fios de proveniência que se configuraram como condições de possibilidade para a emergência das creches em Rio Grande, enquanto espaços pedagógicos, educadores, formadores de condutas e subjetividades infantis.***This work is the result of a research that sought to analyze the practices of care to children from zero to three years that were possibilities for the emergence of day care in Rio Grande / RS. The present article was developed based on approximations with the Foucaultian studies and aimed to analyze how the extradomiciliar care destined to the small childhood was being configured as an intervention measure to minimize social risks. The study carries out documentary analysis of four rio-grandine institutions, outlined in the twentieth century. In the course of the analysis, it highlights the threads of provenance that were configured as conditions of possibility for the emergence of day care centers in Rio Grande, as pedagogical spaces, educators, trainers of conducts and children's subjectivities.
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