Este trabalho é derivado de pesquisa de doutoramento (bolsa Capes 0860-13-1), que trata, em perspectiva comparativa, do jornalismo infantil no Brasil e em Portugal. Neste trabalho, propomos uma forma de definir esse jornalismo como algo além de uma produção que tenha as crianças como público. Utilizamos a análise multimodal (Kress, Leeuwen, 2001) como forma de identificar pontos que, ultrapassando diferenças culturais e de linhas editoriais, compõem características de base do jornalismo para crianças. Desse quadro, surge uma produção jornalística que repete velhas concepções de infância – a criança que não se representa, que brinca e estuda, mas não pensa sobre questões mais profundas do mundo em que vive - e reduz as diversas infâncias contemporâneas a um modelo de infância bem cuidada.
Meninas e meninos, nos discursos jornalísticos, vêm sendo representados a partir de estereótipos, que podem ser resumidos em uma dicotomia: o ser inocente, a ser protegido, e o delinquente, ameaçador. A “invasão” dos filhos do pesquisador Robert Kelly durante entrevista concedida ao canal de TV BBC teve grande repercussão, gerando discussões sobre estereótipos paternos e da estrangeira, mas também trazendo uma representação não esperada da infância, em que o brincar perturba a seriedade da narrativa jornalística. Pelo viés da Análise do Discurso de linha francesa, percebemos que a “invasão” rompe o contrato de comunicação estabelecido na entrevista, o que poderia explicar sua repercussão.
This work, part of a thesis, focuses on the children's participation in the journalism done for them. Buckingham (2009) understands that children must exercise their rights of participation -established by the Convention on the Rights of the Child (1989) -also in the area of media's production. The participation channels offered by the media, through the internet, are possible ways of ensuring the right defended by Buckingham. But children have been using the new digital forms of participation to communicate with journalists who write for them? To answer these questions, we interviewed 50 children from 9 to 16 years old Brazil and Portugal. The study showed that, for participation happens, it is necessary that children feel motivated to follow often children's mediawhich is linked to adult mediation and the stories' themes presented by the publications. In addition, two obstacles appear: the lack of response from the producers of information and the concern of children in exposing themselves.Keywords: Children. Participation. Journalism made for children. RESUMOEste trabalho, parte de tese de doutoramento, se concentra na participação das crianças no jornalismo infantil. Buckingham (2009) entende que os meninos e meninas devem exercer os seus direitos de participação, estabelecidos na Convenção sobre os Direitos da Criança (1989), também na área da produção midiática: segundo ele, as novas formas de comunicação on-line que as crianças têm à sua disposição são possíveis formas de assegurar esse direito. Mas as crianças as utilizam para interagir com os jornalistas que escrevem para elas? Para responder a essa questão, entrevistamos 50 crianças de nove a 16 anos de idade, em Portugal e no Brasil. O trabalho mostrou que, para que haja participação, é preciso que as crianças se sintam motivadas a acompanhar com frequência os veículos infantis -o que está atrelado à mediação adulta e à temática abordada pelas publicações. Além disso, dois obstáculos aparecem: a ausência de resposta por parte dos produtores de informação e a preocupação das crianças em expor-se.Palavras-chave: Crianças. Participação. Jornalismo infantojuvenil.
<span>A infância n ão deve ser estudada a partir da questão de “qual é o mundo da criança”, porque o mundo delas é o mesmo dos adultos. Assim, não é possível haver um “ponto de vista sobre o mundo da criança”. Na verdade, ela mesma (assim como todos nós) é um “ponto de vista sobre o mundo”. Com Foucault, poderíamos dizer que ser capaz de ocupar um ponto de vista é uma potência do discurso. Potência essa que a criança não detém, como mostra análise de textos sobre a infância publicados em 2011 nas duas maiores revistas semanais brasileiras, </span><em>Veja</em><span> e </span><em>Época.</em>
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
customersupport@researchsolutions.com
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.
Copyright © 2025 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.