Aluísio Azevedo publica em 1881 o romance O mulato e inaugura o Naturalismo no Brasil (ABREU, 2013, p. 213; RIBEIRO, 1995, p. 205). A obra do autor, no entanto, pode ser considerada duplamente fundacional, ou pelo menos em uma segunda esfera igualmente fundacional, porque ela aborda e problematiza o nascimento da nação e de uma identidade que pudesse ser chamada de brasileira. Ao tratar da questão étnica nos últimos anos do sistema escravista no Brasil, o autor critica e rechaça a conduta discriminatória dos maranhenses, ao mesmo tempo em que deixa transparecer os próprios preconceitos em relação à população afrodescendente. Trata-se, portanto, de uma obra ambígua, na qual faz-se evidente o desejo de Azevedo de integrar a população negra na nação que se formava no final do século XIX e sua dificuldade em reconhecer valor na cultura afro-brasileira. O presente artigo tem como objetivo analisar a imagem do personagem afrodescendente partindo da premissa de que a alteridade e conceitos identitários sempre surgem em um contexto histórico e discursivo. Nas entrelinhas desse romance, buscaremos, assim, resposta para a caracterização ambivalente do personagem afro-americano como modelo para o futuro da nação. ---DOI: http://dx.doi.org/10.22409/gragoata.2017n43a878.
The testimonial novel Biography of a Runaway Slave by Miguel Barnet is one of the pioneers of the narrative genre and has attracted the attention of critics from the moment of its publication. Scholars see the testimonial novel as a text that allows the reader access to a "genuine" episteme, safeguarded by a witness of historical events. The main objective of this article is to demonstrate that the narrative of the maroon and former mambí Esteban Montejo opens new ways of reading and analyzing historical events. In particular, I will focus on Montejo’s statements on the Cuban War of Independence. For this purpose, I will use the theory of the Subaltern Studies as a methodological tool. The analysis will show the denial of Afro-Cuban agency in the official history of independence in Cuba, and will offer a reading of the events that recognizes the important Afro-descendant contribution.
El relato testimonial Biografía de un cimarrón de Miguel Barnet es uno de los pioneros del género narrativo y ha llamado la atención de la crítica desde el momento de su publicación. La novela-testimonio es vista por investigadores como un texto que permite el acceso del público lector a una episteme “genuina”, salvaguardada por un testigo de eventos históricos. El objetivo principal del presente artículo es demostrar que el relato del cimarrón y exmambí Esteban Montejo abre nuevos caminos de lectura y análisis de momentos históricos. En especial, nos enfocaremos en sus declaraciones sobre la guerra de la Independencia Cubana. Con este propósito, utilizaremos como herramienta metodológica la teoría de los Estudios Subalternos. El análisis pondrá en evidencia la negación de la agencia afrocubana en la historia oficial de la época independentista en Cuba, y ofrecerá una lectura de los eventos que reconozca el importante aporte afrodescendiente.
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