Este trabalho tem por objetivo apresentar reflexões sobre possíveis aproximações entre psicanálise e política a partir das considerações teóricas de Freud e Hannah Arendt e entender como essas nos auxiliam na compreensão do cenário político brasileiro atual. Elegemos como chave de leitura a noção de sentimento de culpa em Freud e a concepção arendtiana de política como espaço da diferença e da liberdade. Desenvolvemos assim, um percurso reflexivo partindo das postulações freudianas sobre a organização social, o que nos possibilitou estabelecer uma relação entre culpa e laço social. Em seguida, nos debruçamos sobre a concepção política em Hannah Arendt, buscando avançar no entendimento do espaço político como lugar de tensão de forças entre individual e plural, entre o exercício da liberdade e a tentativa de supressão dessa. Por fim, nos dedicamos a pensar sobre o lugar da culpa na atualidade da política brasileira, levando em consideração os movimentos de polarização e ascensão de discursos de ódio. Dessa forma, localizamos na interface entre política e psicanálise a questão da culpa como elemento fundamental para a compreensão da formação dos laços sociais e para o avanço das análises dos movimentos de destituição simbólica do poder no cenário político atual.
Parte-se de uma pesquisa que investigou como o caso movimenta as equipes das medidas socioeducativas de semiliberdade, para, no presente artigo, deixar-se levar também pelo caso como um fio condutor de análises e reflexões que demonstram as particularidades contidas num contexto generalizado de pobreza e marginalização. Assim, nosso objetivo é o de complementar a literatura existente acerca das medidas socioeducativas apresentando as particularidades das adolescências com que nos deparamos a partir do encontro com os profissionais da semiliberdade. O método empregado pretende produzir uma reflexão de forma a articular as singularidades dos casos com a literatura específica. Estruturou-se o presente artigo em três tópicos: primeiramente, nas adolescências com foco na constituição do eu e do corpo próprio e sua relação com as condutas de risco; em seguida, reflete-se sobre a relação do adolescente com a família, mais especificamente no que se refere ao conflito geracional; e, por fim, pensa-se as dificuldades na transmissão geracional. Concluiu-se que a abordagem do caso-a-caso se faz essencial para a construção de um olhar acerca dos adolescentes em situação de judicialização que vá para além dos esteriótipos e localize ali o sujeito e suas questões.
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