Introdução: Aids e câncer representam, atualmente, um desafio para a saúde pública, com sérias implicações para os aspectos biológicos, sociais e psicológicos dos indivíduos. Essas doenças crônicas interferem no cotidiano familiar, especialmente, quando atingem crianças e adolescentes. Objetivo: Neste artigo, são apresentados os principais resultados de uma pesquisa sobre processos de estigmatização de pacientes pediátricos com câncer ou HIV, com especial atenção à recepção do diagnóstico e de mudanças no cotidiano familiar ocasionadas pela doença. Casuística e Métodos: Foram realizadas 56 entrevistas semiestruturadas com: pacientes de 7 a 15 anos com câncer ou com HIV, atendidos nos ambulatórios da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) (n = 20); acompanhantes desses pacientes (n = 18); população usuária dos ambulatórios da FMABC (n = 18). Resultados: Em geral, os pacientes e acompanhantes não referiram a presença de estigma relacionado à doença; em contrapartida, a população usuária dos ambulatórios aponta a sua existência. Os pacientes com HIV são orientados pelos seus cuidadores (leigos e profissionais) a não revelar o diagnóstico para sua a rede social, evitando assim situações estigmatizantes. Conclusões: Embora poucas situações de estigmatização tenham sido identificadas nos relatos obtidos, estes revelam estratégias de controle da identidade do doente, objetivando evitar preconceitos. O HIV e o câncer geram diferentes expectativas e sofrimentos nos pacientes e familiares, requisitando dos profissionais de saúde conhecimentos e ações sensíveis aos impactos específicos desses problemas de saúde no cotidiano familiar.
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