Este trabalho é resultado de pesquisa empírica, baseada em observação participante e realizada em escola da rede pública estadual em Curitiba, Paraná. De forma geral, pretende-se discutir a experiência dos jovens em termos escolares. A hipótese é que essa experiência é marcada pelas condições territoriais e sociais em que a escola está inserida: uma periferia. Por isso, pergunta-se se a condição de periferia da região repercute nas experiências dos estudantes. As interações no interior da escola e com a região se constituem nos objetos centrais, a partir dos quais defendemos que, de um lado, esta experiência é estigmatizante; de outro, é afetiva. Nesse sentido, argumenta-se que o processo de estigmatização se vincula e divide espaço com o processo de atribuir sentido à escola, por meio de uma potencial sociabilidade dos afetos. Por fim, questiona-se: se não a experiência desses jovens, o que, afinal, daria sentido à escola?
O presente trabalho tem como tema central as reformas educacionais aprovadas em 2017 (MP 746 e PEC 55), em que a Sociologia deixa de ser obrigatória, e a consequente mobilização estudantil com a ocupação de centenas de escolas públicas no país. Nosso objetivo principal é propor uma reflexão, através da ênfase no movimento das ocupações, sobre a forma como os estudantes estão vivenciando e compreendendo as discussões sobre educação. Disso, surge o objetivo específico em debater qual é a finalidade potencial que a disciplina de Sociologia assume nesse processo, tanto a partir da perspectiva legislativa e histórica quanto da narrativa dos próprios estudantes dentro das ocupações. Diante disso, partimos nossa análise da implementação da Sociologia como um processo intermitente no Brasil, evidenciando a fragilidade da sua permanência na grade curricular; para em seguida, discutir qual a experiência escolar desses jovens enquanto estudantes e ocupantes. A hipótese aqui defendida é que essa experiência é negativa, e a retirada da obrigatoriedade da Sociologia reforça este processo. Por isso, a pergunta que nos norteia durante todo o trabalho é qual é a finalidade que a Sociologia pode e deve assumir neste contexto. Palavras-chave: Ensino de Sociologia, juventude, participação política.
Maria Tarcisa Silva Bega é pesquisadora e professora vinculada ao Departamento de Sociologia e ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Paraná. Atua na área Cidadania e Estado, nas linhas de pesquisa Cultura e Sociabilidades e Instituições e Poder, em que ministra as disciplinas: “Políticas Sociais, análise da experiência brasileira” e “Teoria Social Clássica”. Na Graduação em Ciências Sociais ministra as disciplinas de “Sociologia Urbana”, “Estudos Sociológicos em Políticas Públicas” e “Métodos e Técnicas de pesquisa em Sociologia”. Coordenadora do Grupo de pesquisa Sociologia e Políticas Sociais-CNPq. Foi Coordenadora de Extensão (1994), Pró-Reitora de Extensão e Cultura (2002-03), Vice-Reitora (2003-06) e Diretora do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes (2006-2014). É membro titular do Instituto Mercosul de Estudos Avançados (IMEA). Foi membro titular do Conselho Estadual de Educação (Secretaria de Estado da Educação do Paraná), do Conselho de Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná (Secretaria de Estado da Cultura), Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania do Paraná) e do corpo editorial da Revista Mediações (UEL). Desenvolve investigações sobre os seguintes temas: juventude, cidadania, políticas sociais, participação social e trajetórias intelectuais. Esteve na Coordenadoria Geral do Seminário Nacional de Sociologia e Política (SNS&P) nos anos de 2017, junto ao Prof. Dr. Alfio Brandenburg, e 2018. No ano de 2019 estará à frente da Coordenação Geral no decênio do SNS&P. Concedida em setembro de 2018, a entrevista apresenta balanços significativos da trajetória do Seminário Nacional de Sociologia e Política sob o ponto de vista da Professora Maria Tarcisa Bega.
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