A investigação é voltada à análise de processos de transformação urbana contribuintes no desenvolvimento e posterior decadência do modelo comercial dos armazéns de secos e molhados no Brasil. Com o objetivo de discutir dinâmicas temporais de práticas cotidianas de dependência entre cultura e economia, a pesquisa parte dos deslocamentos humanos em caminhos tropeiros, que promoveram relações sociais favoráveis a esse tipo de negócio nos anos 1800 no contexto sul-brasileiro. Com estrutura múltipla de métodos, abordagem qualitativa e natureza interpretativa, o estudo foi baseado em revisão bibliográfica e levantamento documental, além de registros pessoais in loco. Os resultados são sistematizados sob três dimensões: recorte identitário, revelando mudanças urbanísticas derivadas do dinamismo econômico; perspectiva cultural, identificando permanências e alterações das atividades diárias; e preservação memorial, reconhecendo valores interdependentes da cultura e da economia. Essas condições produzem respostas à questão investigativa sobre as formas pelas quais as dinâmicas envolvendo o comércio que propiciaram a popularização daqueles estabelecimentos coloniais contribuíram para a formação de áreas urbanizadas no país em períodos anteriores ao século XXI, considerando o seu legado material. Conclui-se, assim, que a “cidade-memória” tem capacidade de expressar interações, no espaço e no tempo, do patrimônio tangível e intangível de determinada sociedade.
A necrópole brasileira enfrenta importantes dilemas de ineficiência técnica. Diante dessa problemática, o objetivo deste trabalho é identificar abordagens predominantes sobre o tema, reconhecendo tanto o direito à sepultura no processo sustentável de urbanização quanto o cemitério público como responsabilidade governamental na representação indistinta dos cidadãos. Com estratégia multimétodos, abordagem qualitativa e natureza exploratória, a pesquisa foi fundamentada na revisão sistemática de literatura, precedida de informações bibliométricas. Os resultados são sistematizados em três recortes temporais acerca da temática: passado, com contextualização da sua evolução até o início do século XIX; presente, com interpretação de questões contemporâneas, notadamente no Brasil; e futuro, com reflexões sobre tendências, inclusive frente à atual pandemia global. Conclui-se, então, pela essencial interdisciplinaridade do assunto e pela relação recíproca entre a urbe e o morto, imbricados em ampla diversidade de direitos.
Diante do relevante problema urbano de destinação dos mortos em cidades do Brasil, o objetivo do artigo é analisar características socioespaciais dos cemitérios sob gestão municipal em Curitiba, Paraná. Por meio de abordagem metodológica qualiquantitativa, foram avaliadas variáveis sobre o uso desses bens comuns e sua estratificação social, bem como condições da sociedade e do território, sob os focos econômico, populacional, social, histórico e religioso. Pela interpretação de dados oficiais e de indicativos perceptuais oriundos de respostas a questionários aplicados a moradores da capital paranaense e da sua região metropolitana, comparativamente às de residentes de outras localidades brasileiras, conclui-se pela necessidade de adequação de diretrizes públicas para enfrentamento daquela problemática.
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