Partindo de um histórico das pesquisas participativas nos seus diferentes momentos de constituição e propostas relativas às mudanças na produção de conhecimento, este trabalho tem como perspectiva apresentar e discutir os pressupostos teórico-metodológicos da pesquisa-intervenção. A pesquisa-intervenção vem constituindo-se em um dispositivo de transformação vinculado tanto à formação acadêmica dos psicólogos, quanto às práticas nas instituições, possibilitando novas análises construídas entre a macro e a micropolítica.
Este trabalho tem como objetivo o aprofundamento da discussão dos referenciais da pesquisa-intervenção como uma investigação participativa que busca a interferência coletiva na produção de micropolíticas de transformação social. Inicialmente, destacamos algumas polêmicas que envolvem tanto os referenciais cientificistas clássicos quanto os denominados críticos, que emergem a partir de 1970 para fundamentar pesquisas comunitárias e educacionais nas ciências humanas e sociais. Pretendemos apontar seus limites na análise das instituições e na contribuição para mudanças das práticas. A seguir, procedemos ao exame dos conceitos de real e de pensamento, dando suporte à proposta da pesquisa-intervenção. Tais conceitos serão discutidos a partir da perspectiva genealógica, para colocar em discussão o movimento como diferença. Tratamos também das referências disponibilizadas pelo institucionalismo, vinculadas à socioanálise e à esquizoanálise, que evidenciam as ferramentas de pesquisa e de intervenção na experiência social. Nas considerações finais, destacamos as contribuições das reflexões construídas no texto, que abre caminho para novas interrogações na invenção de outras análises, movimentos e demandas.
RESUMO Neste artigo buscamos colocar em discussão a pesquisa-intervenção que vem se constituindo com a Rede de Proteção ao Educando no ensino público do Rio de Janeiro, abordando a formação dos trabalhadores sociais como um processo instigador de novos conceitos e práticas institucionais na perspectiva ético-estético-política. Para isso, damos visibilidade ao percurso que compõe o território escolar nas suas múltiplas forças, remetendo à reflexão sobre nossos atos, nossas implicações com as instituições em jogo e favorecendo escolhas sobre a melhor forma de trabalhar e viver. Concluímos, assumindo o desafio de (re)constituição de um campo de intervenção, problematizador e crítico, intensificador de encontros. Palavras-chave: Formação do psicólogo, Psicologia e educação, Pesquisaintervenção, Micropolítica.
IntroduçãoNeste artigo, abordamos o acontecimento cidades e corpos medicalizados por uma rede bioeconômica, descrevendo e analisando suas zonas cinzentas, suas linhas constitutivas e a materialização da regulação da saúde, dos corpos e do espaço pelo biocapital. Enfatizamos o papel constitutivo do cálculo econômico de custo e benefício, na gestão pela medicalização enquanto racionalidade que se sustenta pelo biocapital e opera por ele, em uma economia política neoliberal. Estamos interessados, neste texto, em pensar as estratégias biopolíticas centradas na capitalização dos espaços e dos corpos, regulados enquanto empreendimentos neoliberais.Problematizamos a maneira como questões específicas da vida e da população foram postas no interior de tecnologias de governo que regem a conduta humana e performaram subjetivações cada vez mais precaucionárias, temerosas e caracterizadas pelo empresariamento de si e dos outros. Pensar a medicalização do espaço é relevante para as psicologias, em diferentes facetas, por exemplo, em termos dos efeitos, os quais forjam subjetividades medicalizadas e medicalizantes.Vertentes das Psicologias têm repensando as teorias e práticas subjetivas, considerando a subjetividade como uma figura histórica, social e política e propondo falar em "produção de subjetividade" como uma alternativa à problematização de identidades, que se esgota numa exaustão ao idêntico MARTINS, 2007).Como psicólogas, indagamos as naturalizações dos jogos de verdades que acionam processos de subjetivação característicos do mercado biomédico e médico-psicológico das populações e das cidades, em especial, pelo mercado e religião da saúde, hoje. Discutimos a capitalização da vida para problematizar as formas de subjetivações que emergem na comercialização dos corpos e na privatização das cidades, na atualidade.Mais especificamente, examinamos as estratégias biopolíticas, na contemporaneidade, as quais impulsionam uma capitalização da vida por segmentos empresariais, na esfera de sua gestão do espaço das cidades e dos corpos. Discorremos sobre os modos de subjetivação que emergem nesse cenário na imanência do cuidado em saúde, pautados na lógica do temor frente aos futuros riscos, de acordo com os cálculos liberais de segurança. Cidades medicalizadas e empreendedoras: segurança e biocapitalA biopolítica, no século XXI, abre-se para dimensões nas quais as biotecnologias arregimentam novas formas de vida social e participação política (NOVAS, 2006;RABINOW, 1999). Política e ciência se cruzam com as biomedicinas, com o objetivo de proporcionar saúde e longevidade à população. Dessa maneira, a biopolítica atual está dirigida às exigências globais dos mercados internacionais, ao mesmo tempo em que está embutida nas políticas locais que regulam e reformatam os corpos e cidades, na direção de torná-los mais saudáveis e resistentes à depredação do tempo.Gómez (2004)
RESUMOConsiderando que somos herdeiros e estamos imersos no processamento de uma cultura -a cultura ocidental -que tem se caracterizado pelo investimento em fazer valer apenas uma política de existência, queremos partilhar algumas marcações que têm nos apoiado no exercício de deslocamento na perspectiva da criação de possíveis, da ampliação de espaços de liberdade. Entendendo as práticas de formação como importantes vetores no exercício cotidiano de civilizar, cabe aqui problematizar algumas instituições que nelas se instrumentalizam. Faremos isso chamando Nietzsche e Foucault como intercessores, para nos instalar num debate entre ciência e filosofia tencionando interrogar a primazia do referencial do direito em nosso presente. Palavras-chave: formação; cultura; dispositivo jurídico. ABSTRACTConsidering that we are heir and immersed in a cultural process -the occidental culture -which character is based in the investment of imposing a single existential politic, we wish to share some guidelines that have been supporting us in the continuous exercise of perspective dislocation for the creation of possibles, enlargement of freedom areas. Understanding the formation practices as an important vector in the usual exercise of civilization, this article intends to question some institutions that use it as instrument. We will do that with the support of Nietzsche and Foucault as interlocutors, in a way that puts us in a debate between science and philosophy with the intention of questioning the primacy of the legal reference in our present. Keywords: formation; culture; legal dispositive.Nas últimas décadas, a modernidade tem sido frequentemente evocada não propriamente para nomear uma época, mas para sinalizar um status a ser conquistado. Mais do que isso, poderíamos afirmar que ela tem sido um recurso utilizado por governantes para identificar nossas fraquezas, deficiências e impropriedades, justificando tomadas de decisões e de medidas, em nada provisórias, por nossa recuperação. Assim, afirmamos que os discursos se ligam a estratégias, servindo a determinadas lutas e produzindo efeitos nas práticas sociais. Os discursos e os procedimentos que hoje se impõem -diretamente na vida de cada um, sobre nossos corpos -para que, ainda que tardiamente, nos tornemos modernos, vêm ocupando lugar de destaque, tendo sido intensificados desde que entramos em tempos neoliberais. Mas a política de ajuste e de alinhamento ao que é desejável nos processos históricos de exploração é nossa velha conhecida.Nascemos há mais ou menos quinhentos anos, em meio à aventura na qual haviam se lançado homens e mulheres desde que abandonaram o mundo fechado da Antiguidade, com sua fixidez e fatalismo, em busca do universo infinito (Koyré, 1962). As descobertas nos campos da ciência, da navegação e das artes haviam impulsionado a exploração de novas terras e, entre o espanto e o horror, colocavam os desbravadores frente a uma diversidade de mundos. De uma vida sublunar previamente organizada e presa de outro mundo, o humano, como experiência, ganha...
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