Resumo: As narrativas sobre as travestis e transexuais integram um conjunto significativo de trabalhos acadêmicos no Brasil, revelando diferentes formas de (re)contar a sociabilidade delas. Esse artigo é uma proposta coletiva de (re)pensar o lugar da academia na (re)produção das vidas travestis, a partir da construção de uma estratégia narrativa que inclua a perspectiva de uma epistemologia situada na experiência. Nosso argumento é que diferentes estratégias de pesquisas podem reconstruir e ressignificar a discussão sobre o “lugar de fala” que tem marcado uma tensa relação entre academia e movimento social.
A produção de um documentário como estratégia de pesquisa no campo das ciências humanas ainda gera debate significativo. Buscando contribuir para esse debate, o objetivo deste artigo é apontar alguns desafios metodológicos que marcaram o processo de pesquisar/registrar/narrar um filme documentário sobre a trajetória de vida de Keila Simpson e seus entrelaçamentos com(na) história do movimento de travestis no Brasil. Assim, por meio de uma análise teórica, inicialmente, discutimos as disputas sobre o real e o verdadeiro que se (re)produzem na interação com as imagens. A partir de uma perspectiva etnográfica, então, refletimos sobre nosso percurso de realização do documentário, nas etapas de exploração e produção de esboços, apresentando possibilidades e limites de fazer/pensar/negociar um filme etnográfico sendo pesquisador/cineasta em interação com a interlocutora/narradora. Entendemos que o filme permitirá entender aspectos sensíveis da protagonista e suas relações de sociabilidade e, de forma indireta, compreender o sensível não diretamente abordado pelas imagens.
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