INTRODUÇÃO Apesar de uma consciência crescente, poucos são os estudos sistemá-ticos voltados para a orientação do clínico em face do impacto do câncer sobre o paciente e sobre a violência dos processos cirúrgicos decorrentes. Em oncologia, a cirurgia radical é muitas vezes necessária, mas pode levar a severos prejuízos funcionais e eventualmente estéticos (1). O presente estudo se propõe a avaliar prospectivamente pacientes, com melanoma uveal e indicação para enucleação, nos aspectos psicológicos em três momentos: diagnóstico e indicação cirúrgica, pós-cirúrgico e pós-cirúrgico tardio. Aspectos psicológicos e qualidade de vida em pacientes com melanoma uveal durante o processo de tratamento por remoção do bulbo ocular Descritores: Neoplasias uveais/complicações; Neoplasias uveais/psicologia; Enucleação ocular/etiologia; Enucleação ocular/psicologia; Ansiedade/psicologia; Depressão/psicolo-gia; Qualidade de vida Objetivo: Avaliar prospectivamente as repercussões emocionais no indiví-duo com melanoma uveal e indicação cirúrgica em três momentos: diagnósti-co e pré-cirúrgico, pós-cirúrgico e pós-cirúrgico tardio. Métodos: Trata-se de estudo clínico-qualitativo, no qual se utilizaram os seguintes instrumen-tos: Inventário de Ansiedade Traço/Estado-IDATE; Inventário de Depres-são Beck e o Questionário de Qualidade de Vida SF-36. Resultados: Participaram do estudo, inicialmente, 20 pacientes, 13 homens e sete mulheres, com idade média de 52 anos e, num segundo momento, 16 estavam disponíveis. No momento pré-cirúrgico, o Estado de Ansiedade está aumentado em relação ao Traço. O índice de Depressão indica um estado mínimo a leve e a Qualidade de Vida revela que os aspectos físicos e emocionais são os mais afetados. No pós-cirúrgico de três meses, o Traço de Ansiedade está consideravelmente elevado, o índice de Depressão mostra um estado leve a grave e na Qualidade de Vida os aspectos mais atingidos são os físicos, sociais e emocionais, além da vitalidade e da saúde mental. No pós-cirúrgico de um ano, o Traço de Ansiedade se mantém semelhante ao da primeira avaliação, o Estado de Ansiedade diminui consideravelmente, a Depressão cai para um índice mínimo e a Qualidade de vida mostra a maioria dos aspectos equilibrados. Conclusões: Após três meses da cirurgia, os pacientes se mostram mais frágeis, com dificuldade de adaptação, com aumento do grau de depressão e ansiedade. Esse foi o pior período para os pacientes. Após um ano da cirurgia, mostram-se mais estruturados e com os aspectos de Qualidade de Vida mais equilibrados. RESUMO