Resumo O artigo aborda a vulnerabilidade como lugar de problema para se analisar a condição da mulher mãe no debate midiático sobre o parto. Reflete-se sobre a inscrição das mulheres mães e de suas condições de vulnerabilidade nos enquadramentos midiáticos: ora como corpos submetidos ao paternalismo médico e à normatização sexista que culminam nos casos de violência obstétrica; ora como indivíduos capazes de reagir às práticas e normas destinadas à domesticação do corpo da mulher. A vulnerabilidade assume um lugar político decisivo, mas também ambíguo, entre a relacionalidade dos corpos e a reificação da vítima.
Propõe-se explorar o lugar ocupado pelo testemunho nas narrativas jornalísticas buscando compreendê-las em seu trabalho de mediação do sofrimento produzido por determinados acontecimentos sobre os indivíduos. Aborda-se o testemunho tanto sob a forma de artifício retórico fundado na pretensão à veracidade própria do jornalismo – à sombra do problema das fontes de informação – quanto nas implicações éticas que atravessam o gesto narrativo de enredamento de sujeitos sofredores – em que o testemunho diz respeito não somente à atestação do real, mas, principalmente, ao encontro com o outro possibilitado pelo jornalismo. Para tanto, lançamos mão de exemplos de narrativas televisivas, consideradas instâncias singulares de inquérito acerca do estatuto jornalístico do testemunho.
Resumo: Busca-se compreender como o testemunho midiático pode ser concebido como ação potencialmente política, isto é, em sua capacidade de produzir cenas polêmicas e de evidenciar simultaneamente um comum partilhado e uma separação. Tal movimento é fortemente inspirado na perspectiva política de Rancière. Nesse sentido, analisa-se a narrativa sobre o cotidiano do jovem viciado Paulo "Treze", contada no programa televisivo A Liga, como evidência da coexistência e da contradição de mundos instaurada pelo testemunho midiático.Palavras-chave: testemunho midiático; televisão; narrativa.Abstract: Scenes of testimony on television: the (non)encounter of worlds -This paper seek to understand how the media testimony can be conceived as a potentially political action in its ability of producing controversial scenes and simultaneously demonstrating a shared common and a separation. Such movement is inspired by the J. Rancière's political perspective.In this sense, we analyze the narrative about the daily routine of the young addict Paul "Thirteen" as told in the television show A Liga, or the Team as an evidence of the coexistence and contradiction of worlds established by the media testimony.Keywords: media testimony; television; narrative.
Primeira cena:Paulo "Treze" e o jornalista Rafinha Bastos estão sentados na calçada, recostados em um muro pichado. "Treze" fuma um cigarro e aparenta irritação. A tomada de imagens é feita do outro lado da rua.
RESUMO O objetivo deste trabalho é refletir sobre o apelo compassivo, a força política e a dimensão testemunhal das fotografias do menino sírio Aylan Kurdi, feitas pela fotógrafa turca Nilüfer Demir em setembro de 2015, na praia de Ali Hoca, em Bodrum, na Turquia. Num primeiro momento, distingue-se essas fotografias na esteira das chamadas "imagens do trauma", ou hiperimagens. Em seguida, destaca-se uma espécie de tópica em torno da qual algumas dessas imagens parecem se reunir, a saber, a presença ostensiva e expressiva de crianças como sujeitos sofredores na construção visual dos apelos compassivos. Argumenta-se, então, sobre a capacidade que imagens como as do menino sírio têm para comunicar a precariedade de certas vidas. Por fim, analisamos a fotografia à luz do potencial político do testemunho e do próprio significado da fotografia enquanto resto.
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