A partir da observação de vídeos produzidos por entregadores de aplicativos, complementada por reportagens da imprensa, apresentamos um emergente risco à segurança e saúde desses trabalhadores. Trata-se de risco de violência física envolvendo entregadores e clientes cujo fator objetivo imediato é a prática dos chamados bloqueios injustos por parte das empresas de entrega de comida por aplicativo. O fator subjetivo imediato é o medo de exclusão dos entregadores frente a esse elemento da organização do trabalho que traz imprevisibilidade e insegurança laboral. Argumentamos que, diante da não observância de conhecimentos bem estabelecidos em Segurança e Saúde no Trabalho por parte dessas empresas, é em fenômenos políticos, econômicos e sociais que configuram um ambiente de permissividade regulatória que se deve buscar os determinantes desse e de outros riscos observáveis à segurança e saúde dos entregadores que trabalham para as empresas de entrega por aplicativo.
Apreender qual paradigma ou modelo de concepção de riscos e de prevenção em Segurança e Saúde no Trabalho prevalece em campanhas preventivas no Brasil e, principalmente, se há diferença de prevalência de acordo com os atores sociais que produzem as campanhas, é o objetivo da pesquisa apresentada neste artigo. Para tanto, construímos dois tipos-ideias de concepção de riscos e de prevenção a partir da história e da literatura de SST e realizamos uma análise de conteúdo num corpus formado por setenta vídeos de campanhas preventivas, produzidos por sindicatos de trabalhadores, entidades estatais e entidades patronais. Entre outras associações que encontramos, verificou-se que nas campanhas de sindicatos dos trabalhadores prevalece uma abordagem com ênfase em fatores sociais e de organização do trabalho, enquanto nas campanhas das entidades empresariais prevalece a abordagem com ênfase em comportamentos individuais.
Este artigo apresenta o resultado de uma pesquisa que buscou trazer conhecimento sobre quais setores e atividades econômicas estão prevalecendo ou sendo pouco abordados em campanhas preventivas públicas em Segurança e Saúde no Trabalho (SST). Haveria alguma discrepância entre os dados públicos oficiais sobre acidentes e doenças do trabalho no Brasil e enfoque das campanhas preventivas? Além de responder a essa questão, a pesquisa aqui apresentada visou identificar os atores a quem as mensagens preventivas eram dirigidas (se aos empregadores ou trabalhadores, por exemplo), assim como os atores responsabilizados pela prevenção nas mensagens. Para tanto, um corpus contendo setenta vídeos de campanhas preventivas foi construído para análise de conteúdo. Entre os resultados obtidos, destaca-se a escassa abordagem do setor de transportes apesar da sua alta taxa de mortalidade e de mortes em números absolutos.
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