Resumo: O texto que tecemos e aqui apresentamos constitui, em síntese, uma resposta à provocante pergunta de Platão o que é cuidar de si? As respostas que oferecemos consistem em traços da nossa proposta de compreensão de filosofia que se efetiva enquanto um exercício espiritual, que, por sua vez, sustenta a hipótese do filosofar enquanto um modo de viver. Para tanto, da filosofia grega, explicitaremos o exercício do cultivo de si corporificado em Sócrates e, por parte da filosofia oriental, analisaremos o personagem Musashi. Ambos personificam a opção por um estilo de vida filosófica e modo de ser - o primeiro, pelas veredas do diálogo, o segundo, pela vivência - e assinalam a necessidade da evolução espiritual da alma, mediante vida contemplativa. Consequentemente, além de explorar a enorme proximidade entre uma linha filosófica grega e a tradição oriental, fundamentaremos o solo comum do pensamento enquanto exercício ético.
RESUMO: A teoria filosófica de Gadamer comporta a proposta da hermenêutica filosófica enquanto um projeto ético. Embora o autor não tenha focalizado essa relação, de forma sistemática, almeja-se, aqui, explicitar e aprofundar a noção de alteridade como pressuposto ético fundamental da hermenêutica gadameriana, à luz do Sofista de Platão. Para tanto, na primeira seção, abordam-se a estrutura e as formas de interação do conceito de outro, tal como apresentado por Platão, no Sofista, que trata de aspectos da identidade, da diferença, da coexistência do eu e do outro enquanto princípios metafísicos. Em um segundo momento, propõe-se uma percepção possível da apropriação de Gadamer relativamente aos conceitos platônicos os quais dialogam entre si, por meio da dialética, a partir da subjetividade moderna. Dessa maneira, justifica-se que os traços fundamentais da ética hermenêutica têm base em princípios não autoexcludentes, visto que não se exige o assujeitamento do outro como condição da formação e da manutenção identitária de si. Por fim, reconduz-se a hipótese de que o outro hermeneuticus é tão importante quanto o eu hermeneuticus para a compreensão de si e do mundo, em uma relação copartícipe, a qual não nega diferentes modos de ser para se afirmar com significativas implicações pessoais e sociopolíticas.
Os estudos foucaultianos acerca dos modos de subjetivação a partir das práticas de si são inúmeros, mas pouco se fala de sua relação com a tradição hermenêutica contemporânea. Partindo desse pressuposto, no presente artigo, o objetivo é explorar aproximações das formas de subjetivação de Foucault ao modo de ser hermenêutico de Gadamer. Asim, na primeira seção, trato de alguns elementos da reflexão ética da obra de Foucault, destacando aspectos de sua abordagem do cuidado de si, do governo de si e da estética existencial, destacando como sua estrutura teórica também reverbera o pensamento de outros autores na busca pela constituição da subjetividade, inclusive no que diz respeito à educação e à bio/necropolítica contemporânea. Na segunda seção, exploro como é possível relacionar as práticas de si foucaultianas ao modo de ser hermenêutico a partir da proposta ético-existencial da hermenêutica filosófica de Gadamer, que entende que a tarefa de compreensão de si e do mundo engloba uma mudança ética não solipsista. Por fim, argumento que tais perspectivas de Foucault e Gadamer podem ser lidas complementarmente, visto que ambas se ocupam de elevar o processo de [auto]compreensão a um modo de construção da subjetividade mais crítica, ética, acolhedora e que representa uma resistência ao biopoder, contribuindo para uma educação mais capacitada a lidar com a realidade contemporânea.
No presente artigo, propomo-nos a explicitar em que medida Gadamer retoma o conceito de metafísica em sua proposta hermenêutica, com o objetivo principal de explorar como esse aspecto ressalta seu posicionamento em relação à tentativa heideggeriana de refundar uma linguagem propriamente metafísica — com base nas pesquisas de Jean Grondin e Dennis J. Schmidt — e à crítica que caracteriza a hermenêutica gadameriana como relativista, sob um prisma conceitual niilista — especialmente sob a ótica de Gianni Vattimo. Ao final, algumas limitações de tal crítica relativista poderão ser revistas à luz da compreensão das condições ontológicas e metafísicas latentes na obra gadameriana, que contribuem para uma revisão da herança heideggeriana e da crítica pós-moderna contemporânea.
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