Este texto é fruto de uma pesquisa interinstitucional que procurou identificar e compreender as marcas de cuidar e ser cuidado nas narrativas de crianças, seus professores e suas famílias, em creches, pré-escolas e escolas. Tem como objetivo apresentar entrevistas realizadas com famílias, discutindo suas compreensões sobre cuidado. Como metodologia, apresenta entrevistas individuais e coletivas realizadas com as famílias, tendo Martin Buber como principal interlocutor teórico. Nas análises, emerge o cuidado como proteção e vigilância, tempo de estar junto, presença, como algo que precisa ser compartilhado. Em tempos áridos e difíceis, pensar sobre cuidar e ser cuidado contribui para o reconhecimento da humanidade do outro como caminho possível para ir na contramão da barbárie.
Este artigo tem como objetivo refletir sobre espaço, tempo e infância a partir de narrativas de crianças e adultos sobre a casa das/os avós, ouvidas em uma pesquisa de doutorado em educação, que analisou sentidos construídos sobre infância em narrativas de avós/avôs e netas/os. Para além de um estudo sobre a relação entre avós/avôs e netas/os, a busca foi por, a partir de fragmentos das histórias narradas pelas/os participantes, tecer sentidos que contribuam para reflexões filosóficas e antropológicas sobre infância e nossos modos de viver. A indissociabilidade entre espaço e tempo é pensada a partir do conceito de cronotopo, desenvolvido pelo filósofo da linguagem Mikhail Bakhtin. Nas análises, são observados vestígios do espaço no tempo e vestígios do tempo no espaço: o lugar de estar em liberdade, o tempo de se abrir para mudanças na casa, as possibilidades de transgressão, os objetos antigos e contemporâneos, a vida vivida em outra temporalidade. Passado, presente e futuro se fundem em encontros intergeracionais que, ao serem narrados, expressam valores e visões de mundo, em que a brincadeira ganha destaque.
This article, based on grandparents' narratives collected in a doctoral research project, aims to weave together reflections on childhood, intergenerational bonding, and love. Seven grandmothers and three grandfathers, between fifty-one and seventy-one years old, participated in the research; nine residents of the city of Rio de Janeiro and one of Niterói, Brazil. In addition, narratives were collected from six of their grandchildren, all of them between five and twelve years old, and residents of Rio de Janeiro, Niterói, Brasília and Montevideo, Uruguay. Conducted during the Covid-19 pandemic, our methodological strategy involved interviews conducted on Zoom. Interviews with the adults were conducted individually, and collectively with the children. The themes that emerged in the grandparents' narratives led to reflections on the relationship between adults and children that are emblematic of the conception of childhood found in Walter Benjamin's work, as well as the philosophical anthropology of Martin Buber and the psychoanalysis of Donald Winnicott. The emphasis of the research participants was on affective security, built on the basis of small, everyday gestures, which result in an atmosphere of mutual support between children and adults. From these affectionate encounters between the youngest and the oldest, what we characterize as a “childlike force” is established—an energy field that produces new existential possibilities. The narratives collected here teach us new ways of being adult through our relationships with children: in our encounter with the lifeworlds of the youngest among us, we re-encounter our own deeper sensibilities, and regain the ability to play, to create, and to reinvent ourselves in relearning the joy of beginnings.
O artigo apresenta um recorte da pesquisa de doutorado e tem como objetivo refletir sobre infância e autoridade em relações intergeracionais. Na metodologia, seguiu-se a abordagem qualitativa, utilizando as técnicas de entrevistas individuais e coletivas por meios digitais (plataforma Zoom e aplicativo WhatsApp). Foram realizadas dez entrevistas individuais com sete avós e três avôs, moradores das cidades do Rio de Janeiro e de Niterói, e uma entrevista coletiva com seis de seus netos crianças. Neste artigo, é enfatizada a perspectiva das/os avós sobre o papel e as diferentes atribuições que têm assumido nas famílias contemporâneas, colocando em questão o papel das/dos avós/avôs na educação das crianças. As narrativas evidenciam a tensão entre dar ou não conselhos, a oposição das/os participantes à ideia de que as avós e os avôs deseducam, e o afeto, a amorosidade, o diálogo e a brincadeira como aspectos valorizados na relação com as crianças. O texto dialoga, principalmente, com a filosofia de Walter Benjamin e a antropologia filosófica de Martin Buber. Além desses teóricos, Hannah Arendt, Myriam Lins de Barros, Françoise Dolto, Manuel Sarmento, entre outras/os, fundamentam essa discussão.
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