RESUMO: O artigo descreve o que pensam, sentem e experimentam os jovens do ensino médio da rede pública estadual de Minas Gerais quando confrontados com a implementação de uma política educativa que, alicerçada em uma reformulação curricular, modifica tempos e espaços escolares. Inicialmente, o trabalho contextualiza o Projeto Reinventando o Ensino Médio e a pesquisa. Na primeira seção, discutimos as questões que permeiam a implantação do projeto na rede pública estadual mineira, no período de 2012-2014. Na segunda seção, analisamos a percepção dos jovens que vivenciaram a política em sua dimensão prática, explorando uma metodologia do tipo qualitativo baseada nos grupos focais. As falas dos jovens são reveladoras de como tais políticas colocam os sujeitos para as quais elas são endereçadas em um lugar quase invisível. Por fim, na terceira seção, tecemos algumas ponderações acerca dos resultados da pesquisa.
O presente artigo discute as possibilidades da entrevista narrativa como recurso teórico-metodológico na pesquisa qualitativa em que a autora posiciona suas leituras acerca das representações construídas por adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa. Relata-se o percurso investigativo e os exercícios contínuos que intencionaram traduzir com inteligibilidade o que as adolescentes pesquisadas trouxeram nas suas narrativas. A utilização das entrevistas narrativas orientou-se pela necessidade de compreender como as adolescentes (re)significavam o cumprimento da medida socioeducativa. Focalizando as experiências singulares de cada adolescente, observou-se que as narrativas provocam mudanças nas formas como os sujeitos compreendem a si próprios, aos outros e, por este motivo, são importantes estratégias causadoras de reflexão numa perspectiva emancipatória e de protagonismo juvenil. Conclui-se que essa metodologia possibilitou a aproximação entre a pesquisadora e as adolescentes, evidenciando a dimensão subjetiva no processo narrativo.
ResumoO Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio (PNEM) é uma política tripartite que uniu esforços da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), das secretarias estaduais de educação e das universidades públicas federais e estaduais. Para analisar os efeitos dessa experiência, tomou-se como universo empírico o processo de formação continuada coordenado e executado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) no biênio 2014-2015. A singularidade dessa formação consistiu em orientar-se para o estudo das Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio, com base em um conjunto de temas que possibilitasse aos docentes refletirem coletivamente sobre o ensino médio enquanto etapa final e essencial da educação básica. A primeira fase da formação teve como temática "Sujeitos do ensino médio e formação humana integral", e a segunda abarcou o exame aprofundado das áreas de conhecimento, contemplando a reescrita coletiva do projeto político-pedagógico da escola. A particularidade e a eficácia desse programa estão na centralidade da escola como locus privilegiado de formação e no professor como sujeito epistêmico que elabora e produz conhecimento.Palavras-chave: ensino médio; formação de professores; análise da prática pedagógica.Em Aberto, Brasília, v. 30, n. 98, p. 87-104, jan./abr. 2017
O artigo busca identificar, descrever e analisar os processos e os efeitos da contrarreforma do Ensino Médio, regulamentada pela Lei nº 13.415/17, e a consequente perda de direitos sociais, especialmente para a juventude brasileira. O Ensino Médio no Brasil, última etapa da educação básica, tem sofrido frequentes reformas nas últimas duas décadas, propostas pelos governos nacionais ou por iniciativa dos próprios estados federativos. A partir da promulgação da Lei 13.415/17, privilegia-se, em um primeiro momento, a análise sobre os efeitos da contrarreforma para os sujeitos da escola (jovens estudantes e corpo docente). Em seguida, examina-se a proposta de organização curricular e a Base Nacional Curricular Comum para o Ensino Médio. Argumenta-se que a proposta de flexibilização reduz a educação básica à preparação para o mercado de trabalho, restringe e abrevia a oferta, amplia as desigualdades educacionais e oferece base legal para a privatização do ensino público. Conclui-se que a contrarreforma se configura como golpe à educação brasileira, pois não considerou o quadro geral do Ensino Médio atual (as condições de trabalho das/os docentes e a infraestrutura existente hoje nas escolas), os avanços e as orientações contidos no Plano Nacional de Educação (2014-2024), as experiências e os saberes dos sujeitos da escola e as pesquisas já desenvolvidas na área. O uso do conceito de contrarreforma potencializa a análise dos processos regressivos aos avanços dos direitos sociais diante dessa iniciativa.
Este artigo elege como cenário de análise a implementação de um projeto de reorganização curricular no ensino médio na rede pública estadual de Minas Gerais que exige dos jovens para quem é endereçada essa política uma reconfiguração dos planos e um novo cálculo para prospectar o futuro, ancorado entre o desejo e a necessidade. Na análise, evidencia-se o quanto o ensino médio voltado aos grupos menos favorecidos tem sido instrumentalizado, a partir de uma semântica ancorada na ideia de “modernização” e “eficiência” da escola, aplicação de lógicas econômicas à pedagogia, o que sugere a transferência da razão do mercado para a escola. A metodologia empreendida combinou as abordagens “qualiquanti”, presentes tanto nos questionários aplicados quanto na realização de grupos focais com os jovens. Para analisar esta realidade factual, utilizou-se um referencial teórico que tem se debruçado sobre os tensionamentos do jovem e o mundo do trabalho.
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