As contradições do sistema de ensino brasileiro gestam um movimento que tem por perspectiva melhorar a condição de vida e trabalho no campo. Este processo pretende promover o desenvolvimento local através do ensino calcado na realidade cotidiana desta população. Destarte, o processo educativo formal não é percebido isoladamente sem manter relações com a vida familiar e social dos educandos, mas é direcionado pela relação dicotômica e dialógica estabelecida entre ensino e trabalho, participação comunitária, responsabilidade social e sustentabilidade. A Escola Família Agrícola do Sertão se enquadra neste modelo e sua peculiaridade está na utilização da pedagogia da alternância aplicada à valorização do modus vivendi camponês, transformando os jovens em mediadores das ações, reforçando a mobilização e organização comunitária, viabilizando o crescimento da agricultura familiar e das técnicas pautadas numa convivência harmoniosa com o semi-árido.
Este trabalho tem a proposta de apresentar o modo de vida de um grupo social camponês e sua história de constantes intervenções governamentais. Esta comunidade, denominada Canudos, é um assentamento localizado no interior do estado da Bahia, na região do Médio São Francisco. Os sujeitos sociais abordados no artigo oscilam entre atividades pluriativas, das quais as principais são o trabalho com a terra e com a pesca artesanal, e apresentam sociabilidades, relações familísticas e identitárias singulares. Constatamos que esta distintividade, baseada principalmente na precedência de alguns grupos familiares, gera conflitos internos que se potencializam e dificultam a implementação de projetos intervencionistas por parte do Estado. O artigo busca analisar esta prática e as contradições deste processo social. Os dados analisados foram coletados por meio de uma fusão metodológica entre a técnica de estudo de caso aprofundado e a análise de diagnóstico dos sistemas agrários.
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