INTRODUÇÃOAo longo das últimas décadas, está ocorrendo aumento gradual da expectativa de vida da população em geral. No Brasil, a expectativa de vida passou de 43,2 anos (em 1950), para 64 anos (na década de 1990), com estimativa de atingir os 70 anos por volta de 20251. Uma vez que a expectativa de vida das mulheres geralmente ultrapassa a dos homens, justifica-se o crescimento expressivo de mulheres vivenciando a fase do climatério, o que torna este assunto cada vez mais significativo em termos da saúde pública, por abranger grande contigente de mulheres.O climatério representa o período de vida da mulher em que ocorre a transição da fase reprodutiva para a não reprodutiva, coincidindo com o declínio gradual da função ovariana e a ocorrência da menopausa. Este processo, que tem início por volta dos 45 anos e pode se estender até os 65 anos, muitas vezes está associado com alterações que afetam o bem estar físico, social, espiritual e emocional das mulheres, trazendo desconfortos em maior ou menor grau 2,3,4 . O climatério é, portanto, um processo de profundas mudanças físicas e emocionais, que sofre influência de fatores inerentes à história de vida pessoal e familiar, ao ambiente, à cultura, aos costumes, ao psiquismo, dentre outros.Como ou ausência dos hormônios esteróides sexuais, principalmente o estradiol e a progesterona, pode se associar à ocorrência de sintomas precoces, intermediários e tardios, sendo este conjunto de sinais e sintomas comumente referido como "síndrome climatérica" 5,6 . A sintomatologia mais comum é representada pela ocorrência de sintomas vasomotores, modificações do humor, distúrbios do sono e sintomas decorrentes da hipotrofia genital, além de repercussões observadas em longo prazo, tais como osteoporose e aumento da morbidade cardiovascular 5,7-11 . As reações emocionais no climatério são extremamente variá-veis. De fato, muitas mulheres vivenciam este período de forma assintomática, ou com sintomas inexpressivos, entendendo-o como o início de uma nova etapa do amadurecimento existencial, que lhes permitirá uma vida com maior segurança e confiança. Outras, porém, vivenciam-no de forma negativa e apresentam vários sintomas e queixas psíquicas, dos quais se destacam a irritabilidade, ansiedade, depressão e as disfunções sexuais (alterações do desejo, da excitação e do orgasmo). Estes sintomas são mais exacerbados em mulheres que perderam seu papel social e não redefiniram seus objetivos existenciais, sendo sugerido que fatores da personalidade e tendências ansiosas prévias correlacionam-se com maior número de queixas psicológicas durante o climatério 7,12,13,14 . Tem ocorrido grande controvérsia a respeito da relação entre depressão e mudanças hormonais do climatério, bem como sobre Rev Assoc Med Bras 2007; 53(5): 414-20
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